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Niterói registra queda de 70% nos casos de dengue com a ajuda de mosquitos modificados

Por: Adriano Dias
20/05/2022 – 10h25

Redução faz parte de um processo iniciado pela Fiocruz em 2016.(Foto reprodução Internet)

 

A mistura da chuva e do calor pode ajudar a promover o cenário de proliferação do Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya. No entanto, esta mistura pode ser que apresente aquilo que o mundo chama de “efeito reverso”. Isso porque mosquitos modificados em laboratório podem auxiliar na redução do número de casos das doenças transmitidas pelo vírus. Os testes foram realizados na cidade de Niterói, Região Metropolitana do Rio, e tem a chancela da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Desde 2016, a Cidade Sorriso foi um dos locais escolhidos pela Fundação para soltar do Aedes aegyptis com a Wolbachia, uma bactéria que bloqueia a transmissão dos vírus dessas doenças. Os primeiros insetos modificados foram soltos no bairro de Jurujuba e, em alguns meses, passaram a se reproduzir de forma natural. Atualmente, esses insetos modificados estão em 75% do município.

Segundo o relatório divulgado pela Fiocruz, além da redução de 70% dos casos referentes à Dengue, também houve diminuição de 60% nos relacionados à Chikungunya e 40% nos casos de Zika vírus. Em entrevista ao portal G1, o pesquisador Luciano Moreira disse que os dados observados em Niterói são muito parecidos com os da Indonésia, que também faz parte do World Mosquito Program, cuja rede está em 11 países.

O método Wolbachia

No país, além de Niterói, as ações foram iniciadas no Rio de Janeiro, em uma área que abrange 1,3 milhão de habitantes. O método consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos.

A bactéria está presente em cerca de 50% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a Wolbachia impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução destas doenças.

De acordo com o World Mosquito Program, com o passar tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.

Este método é ambientalmente amigável. Nossos experimentos em laboratório identificaram que a Wolbachia, que é intracelular, não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos. Somado a isto, já temos esta bactéria presente naturalmente em outras espécies de artrópodes. Ou seja, ao estabelecermos uma população de Aedes aegypti com Wolbachia, não haverá alteração significativa nos sistemas ecológicos.

Aumento de casos

A implementação deste método pode ser um aliado no combate ao vírus que, recentemente, vem registrando um aumento significativo nos casos de Dengue. Aqui no Rio, segundo a Coordenação de Vigilância Epidemiológica, nos primeiros meses do ano, o estado registrou um aumento de 115,6% no número de casos de dengue. A análise compara o período de 1° de janeiro a 30 de abril deste ano, quando foram registrados 2.839 casos, com o mesmo período de 2021, quando foram notificados 1.317.

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