Mãe constrói casa com garrafas de vidro recicladas junto com a filha em Pernambuco
Por: Adriano Dias
09/01/2021 – 13h45
A sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente estão gerando bons exemplos ao redor do mundo. Um deles vem da Praia do Sossego, que fica na ilha pernambucana de Itamaracá.
A história foi contada primeiramente por um jornal local. Edna e Gabrielly, mãe e filha, tinham um sonho, digamos, bem comum para todos os brasileiros: possuir a casa própria. Para isso, elas suaram durante seis meses para atingir essa meta. Porém, fizeram um caminho completamente diferente. Em vez de materiais convencionais, as duas utilizaram cerca de 5 mil garrafas de vidro, recolhidas dos mares e mangues da ilha onde vivem.
A construção em números
Para se ter uma ideia, cada parede contou com 4.298 garrafas de vidro. Segundo mãe e filha, foram oito horas por dia de muito trabalho e descobertas — e isso tudo no meio do ápice da pandemia de Covid-19.
“Foi um momento de muita troca, sabe? Que a gente colocou toda nossa disposição nisso. Porque foi logo no início da pandemia e a gente precisava fazer isso acontecer”, conta Maria Gabrielly Dantas ao jornal local.
A mãe Edna tem a experiência de ter trabalhado por mais de 18 anos em uma cooperativa de materiais recicláveis. Toda essa bagagem fez com que ela enxergasse nas garrafas de vidro descartadas um potencial para transformar o que era lixo em lar. Junto com a filha, ela recolheu mais de cinco mil garrafas de vidro nas ruas e mangues de Itamaracá.
“A garrafa de vidro, você joga ali no solo, ela é infinita, ela não se decompõe. E a necessidade de ter uma residência, de estar morando em Itamaracá, ter esse problema forte com o lixo aqui. A gente tentando resolver esse problema com o lixo surgiu a ideia de construir minha casa de garrafa, para dialogar com a sociedade que isso não é lixo”, explica a empreendedora social Edna Dantas.
Ainda segundo a reportagem, a casa começou a ser construída no final do primeiro semestre. As duas não tinham nenhuma experiência com construção. Então, elas foram descobrindo juntas a levantar cada parede. Assim, com 4.298 garrafas de vidro, transformaram o que parecia lixo em lar.
A casa está na reta final, e mãe e filha já se mudaram para lá. Na casa de garrafas de vidro de Edna e Gabrielly cabe algo de muito valioso que tem cara, voz e cor de futuro.
“Eu tento afirmar que isso aqui é afrofuturismo, é uma visão de futuro”, exalta Gabrielly.
Só um lembrete: afrofuturismo é a combinação de elementos da cultura africana. É buscar os saberes ancestrais enquanto evolui.
O impacto das garrafas no meio ambiente
Um recente estudo aponta que, quando as garrafas PET chegam aos oceanos, mares e rios, elas levam cerca de 400 anos no processo de degradação, podendo causar até a perda da biodiversidade. Além de tudo, acabam se transformando em microplástico, ou seja, pequenas partículas plásticas que são poluentes e tóxicas, sendo responsáveis por matar milhares de animais ao redor do mundo quando esses confundem essas partículas com comida. Este fato faz com o que o feito de Edna e Gabrielly se torne um belo exemplo para a humanidade.
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