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Feel The Music: aplicativo pode ajudar na melhoria da experiência sensorial de surdos

Por: Adriano Dias
21/08/2021 – 13h25

Ferramenta foi criada por um trio de alunos de uma escola em São Paulo. (Foto Reprodução Internet)

 

Os psicólogos são unânimes em afirmar que, através de experiências dos sentidos, conseguimos montar um repertório de sensações e que este se torna necessário ao ato de reflexão, pois sem a existência de um reservatório de impressões sensoriais, não há como a mente refletir sobre elas.

Através deste caminho, em São Paulo, alunos da Escola de Inovadores desenvolveram um aplicativo para ajudar na proporção de uma experiência sensorial aos portadores de deficiência auditiva. Através de uma programação de inteligência artificial, o aplicativo Feel the Music – Sinta a Música, em tradução livre -, capta os sons que estão sendo emitidos e faz o aparelho de telefone celular vibrar no ritmo desses sons, em tempo real.

 

Integração através da música

Os criadores do projeto explicaram para o site Agência Brasil que a iniciativa surgiu em um hackathon que tinha a proposta de encontrar ideias inovadoras para o mercado da música. O aplicativo ficou bem ranqueado na competição que aconteceu em 2020 – ocupando a terceira posição na disputa. Em seguida, veio a inscrição do aplicativo no primeiro semestre de 2021 da Escola de Inovadores da agência Inova CPS, curso de extensão online e gratuito do Centro Paula Souza, que ensina os participantes a transformarem ideias inovadoras em startups. O FTM foi idealizado por Rafael Zinni Lopes, Ricardo Teruaki Fujikawa e Victor Dias de Oliveira.

“Percebemos que o aplicativo poderia ser usado para levar acessibilidade não só para os aplicativos de música, mas também para transmissões de streaming e canais de vídeos, como Netflix e YouTube. Muitos desses canais mantêm apenas legendas como forma de acessibilidade e temos conhecimento de que muitas pessoas com deficiência auditiva não sabem ler, então, não são devidamente incluídas nesse mercado”, detalha Zinni para o portal.

Ainda segundo Zinni, a ferramenta chega até a ter uma dupla função: é destinado para pessoas que não sabem libras nem escrita, sabem libras, mas não escrevem, e também para as que sabem libras e sabem escrever. Através do FTM, foi possível criar um estímulo a mais para que a pessoa com deficiência auditiva sinta a vibração das letras para aprender a escrever.

“O app é importante para pessoas que lutam por acessibilidade no Brasil e nós estamos aqui como um auxílio para eles. Podemos pegar qualquer aplicativo que tenha como base e fazer a tradução para a vibração e assim a pessoa sentir a emoção da música vibrando. Os resultados têm sido positivos entre aqueles que testaram”.

Ele explicou ainda que a solução está sendo desenvolvida com Interface de Programação de Aplicativos (APIs) em Python, voltado para banco de dados e uma API que traduz o som de maneira diferente do React.JS, também usado para o desenvolvimento do aplicativo. Inicialmente, o Feel the Music será liberado para dispositivos com sistema Android, para que tenha maior abrangência e atinja pessoas que não têm poder aquisitivo alto.

 

A deficiência auditiva no Brasil

O Feel the Music tem a possibilidade de atender uma parcela considerável da nossa sociedade. De acordo com um relatório do Instituto Locomotiva, no Brasil, existem 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva. Desses, 2,3 milhões têm deficiência severa. A mesma pesquisa aponta que a surdez atinge 54% de homens e 46% de mulheres e que a predominância fica na faixa de 60 anos de idade ou mais.

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