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Dispositivo criado por brasileiros pode facilitar diagnóstico de doenças como Alzheimer e Parkinson

Lohrrany Alvim
18/06/2021 – 16:54h

O sensor tem diâmetro três vezes menor que um fio de cabelo e utiliza apenas uma gota de sangue.

 

Nos últimos dias, um novo medicamento para o mal de Alzheimer chamou a atenção do mundo. Trata-se do primeiro em 18 anos a ser aprovado pela FDA (Foods and Drugs Administration – agência reguladora americana, similar à Anvisa no Brasil). O Aducanumabe, medicamento produzido pela Biogen, promete melhorar a perspectiva do tratamento dos pacientes. O momento é considerado histórico, pois na última década, mais de cem tratamentos potenciais para Alzheimer fracassaram.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lista pelo menos trinta milhões de casos no mundo de Alzheimer. Por aqui, um estudo epidemiológico revela um cenário preocupante de crescimento no número de casos e taxas de mortalidade atribuídas às demências no Brasil. Até 2050, o mal de Alzheimer, responsável por sete em dez casos de demência, pode quadruplicar na população brasileira.

Novo dispositivo

Esse cenário pode ser alterado se medidas efetivas de prevenção forem adotadas. Pensando nisso, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), criaram um nanodispositivo para a detecção de dopamina, um neurotransmissor relacionado a doenças neurodegenerativas. Esse mecanismo poderá facilitar o diagnóstico de patologias como Alzheimer e Parkinson.

A ideia da equipe é que a plataforma (um sensor com diâmetro três vezes menor que um fio de cabelo) ajude no desenvolvimento de testes rápidos, utilizando apenas uma única gota de sangue, que possam contribuir para a confirmação das doenças citadas, além de servir de base para outros diagnósticos, como de alguns tipos de câncer.

Supervisor do trabalho dos pesquisadores Letícia Ferro e Leandro Mercês, Carlos César Bof Bufon destaca que o conceito de plataforma é justamente para que exista uma base para o desenvolvimento de novos sensores com maior agilidade.

“Se tivemos que desenvolver tudo a partir do zero, sempre, leva muito tempo. Até ser homologado, certificado, são 10 anos. Inovação tem que ser aplicável. Tentamos andar com várias plataformas e essa provou que funciona muito bem. Ela faz detecção em concentrações bem baixas e já mostrou resultados validados em laboratório”, conclui Bufon.

Desenvolvimento

Para chegar ao resultado final, os pesquisadores precisaram de quatro anos de desenvolvimento. Os próximos passos incluem testes em ambientes mais parecidos com o real, o que deve levar pelo menos mais dois anos. Entretanto, o pesquisador e supervisor vê a plataforma criada pelos brasileiros com potencial para uso.

“A gente já provou que é fabricável e que inclusive tem um certo grau de repetibilidade, conseguindo usá-lo até cinco vezes”, aponta Bufon.

Outro ponto positivo apresentado pelos cientistas é que a construção dessas estruturas levam metais, óxidos e moléculas orgânicas relativamente simples, comuns na fabricação desses dispositivos. Segundo o pesquisador, projetar uma plataforma que utilizasse insumos com dificuldades de importação poderia impedir a continuidade do projeto ou causar dependência semelhante ao que ocorre com o chamado IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) das vacinas contra Covid-19.

“Como queremos chegar ao final da cadeia, que passe de um projeto e dê o próximo passo, pensamos em ultrapassar algumas barreiras. Avaliar os insumos que seriam utilizados minimiza esse risco”, finaliza Carlos César Bof Bufon.

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais já solicitou patente da plataforma, e o trabalho que apresenta a concepção e aplicação dos transitores foi publicado na revista científica “Advanced Materials”.

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