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Bailarino se torna primeiro professor de dança com deficiência auditiva no Distrito Federal

Maycon Calasancio de 28 anos ensina dança inclusiva para surdos

A iniciativa reúne dança e libras | Foto meramente ilustrativa

 

Maycon Calasancio tem 28 anos e nasceu surdo. Mas isso não o impediu de seguir o sonho de ser bailarino. A paixão dele pela música e pela dança fez com que se tornasse o único professor de balé deficiente auditivo de Brasília. Maycon consegue sentir as vibrações do som no corpo para acompanhar o ritmo. Este ano ele se juntou com mais duas pessoas para realizar um projeto que une a arte da dança com Libras, a língua brasileira de sinais.

O projeto que sente a música

Aline Moura de 21 anos e Janaína Almeida de 22, se uniram ao Maycon para dar vida ao grupo Senserit 3, do latim significa ele sente, que tem como proposta juntar dança contemporânea com libras. O trio conseguiu um espaço gratuito para ensaiar em Taguatinga, a 25 km de Brasília. Então começaram a trabalhar duro, com encontros três vezes por semana, elaborando coreografias que permitem o diálogo entre corpo e libras.

“Como nosso objetivo é valorizar a cultura surda, não falamos em português nem durante os exercícios. Nossas conversas acontecem em língua de sinais, para que a identidade deles seja respeitada”, relata Aline.

Com pouco tempo de formação, o trio já está conquistando seu espaço. Os dançarinos foram chamados para realizar uma performance no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-DF), dentro da exposição 50 anos de realismo, que também conta com pinturas, esculturas, vídeos, instalações interativas de mais de 30 artistas contemporâneos.

Além de bailarina, Janaína é pedagoga e fluente em libras. Ela explica querer tornar a dança acessível e inclusiva para os deficientes auditivos. “A gente pensa que surdo e música não têm nada a ver. Mas o ritmo também está dentro da gente. Podemos, por exemplo, sentir o ritmo do nosso coração e começarmos uma coreografia”, ensina Janaína.

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A união faz a força

Janaína e Aline conheceram Maycon em uma oficina ministrada por ele, em 2018. Desde lá, passaram a admirar a história do jovem. Janaína também começou a ter gosto pelos palcos cedo, mas o que mudou tudo para ela foi descobrir que poderia fazer a diferença juntando os seus conhecimentos em libras.

A pedagoga fez um curso sobre a língua dos sinais na igreja em que frequenta e começou a usar o que aprendeu diariamente. “Sempre estou com pessoas surdas, como meu namorado e amigos que fiz”, explica.

Balé nas escolas

Além das apresentações em exposições e eventos, o trio que levar o projeto de dança às escolas. “A bailarina Maria Fux diz que o mundo do silêncio existe e ele é experimentado pelos indivíduos surdos na sua forma mais profunda, porque eles podem sentir o ritmo da própria respiração, da própria circulação sanguínea… de uma forma que ouvintes não conseguem. Assim, eles conseguem transformar seu próprio movimento em dança”, diz Aline.

Redação por Jhade Marinho

13/03/2019 – 12h48

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