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Dançarina tetraplégica cria companhia de dança para cadeirantes no DF

As mulheres podem tudo! | Foto meramente ilustrativa

 

Redação por Jhade Marinho

04/01/2019 – 13h07

A dança é um instrumento de transformação, tanto para a saúde física quanto para a saúde mental. Para um grupo de mulheres cadeirantes do Distrito Federal não foi diferente. Talvez seja confuso imaginar como essas mulheres podem dançar sentadas em uma cadeira. A realidade é que as apresentações não são compostas por acrobacias e piruetas nas coreografias, mas a sincronia de mãos, rostos e rodas tornam as apresentações únicas.

Essas moças fazem parte do “Street Cadeirante”, uma companhia que ensina dança para pessoas com deficiência. Para o grupo, as mudanças físicas e afetivas causadas pela dança são consenso. A jornalista idealizadora do projeto, Carla Maia, descreve as apresentações como um reencontro com a própria alma. Ela ficou tetraplégica aos 17 anos, após um sangramento na medula. A situação foi ocasionada por uma malformação congênita. Hoje, aos 37 anos, Carla retoma aos poucos os movimentos do corpo. “Com a dança me sinto plena, mulher, realizada. É uma conexão interior que até as pessoas conseguem perceber no exterior, eu exalo isso”, explica.

A enfermeira Alice Lima, de 35 anos, faz parte do Street Cadeirante. Ela é cadeirante desde a infância. A paralisia veio logo após o nascimento. “Os prognósticos do médico eram os piores possíveis”, lembra Alice com bom humor. “Eram do tipo que eu iria sobreviver só até os 14 anos, no máximo, deitada em uma cama e, talvez, se frequentasse uma escola especial, eu aprenderia a falar meu próprio nome”. Em menos de um ano entre ensaios e apresentações, Alice diz que já observou mudanças na saúde e no equilíbrio. Ela explicou que a dança fez com que mudasse a relação com a própria cadeira de rodas. Ela contou também que se tornou tão íntima, a ponto de considerar a cadeira um pedaço do próprio corpo.

Uma mudança na autoestima 

Outra dançarina que se redescobriu por meio da companhia é Mariana Guedes. Apaixonada pela dança desde a infância, aos 26 anos ela lembra que ficou desestabilizada quando se viu sem o movimento do tronco e das pernas após um acidente de carro, em 2015. A nova perspectiva de vida veio quando conheceu o Street Cadeirante. “Me conecto muito com a música, ela faz com que eu seja melhor”, afirma. A maior e principal mudança, segundo Mariana, veio de forma coletiva. “Na dança, observamos sempre o movimento da outra para que possamos melhorar, e isso se torna um crescimento coletivo”.

Outra diferença que ela notou foi o convívio social. A dançarina explica que desde que começou a ensaiar, sentiu melhoras físicas, emocionais e afetivas. “Agora a minha autoestima explode”, declara. A mesma sensação positiva é compartilhada por Walquíria Coimbra, de 59 anos. Ela conheceu o grupo pelas redes sociais, após 40 anos na cadeira de rodas. A paralisia também veio após um acidente de carro, ainda na juventude. Além de Walquíria, Mariana, Alice e Carla, a Companhia Street Cadeirante também é composta pela dançarina Izabella Gobbi, de 26 anos, e pela servidora pública Delma Ferro. As coreografias são assinadas por Wesley Messias.

 

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