Blog

Cientista brasileira é premiada na França por pesquisas para popularizar consumo de plantas silvestres

Por: Lohrrany Alvim
08/07/2022 – 08h45

O objetivo da jovem é auxiliar pequenos agricultores a identificar, divulgar e comercializar plantas e frutas. (Foto reprodução Internet)

 

A etnobióloga pernambucana Patrícia Medeiros recebeu em Paris um importante prêmio científico internacional por suas pesquisas que tem como objetivo popularizar o consumo de plantas silvestres para diversificar a dieta dos brasileiros.  

Ela foi uma das 15 ganhadoras, selecionadas por um júri de especialistas de diversos países, a receber o prêmio International Rising Talents, concedido a jovens cientistas mulheres pela Fundação L’Oréal em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Vencedora, a brasileira recebeu 15 mil euros (cerca de R$ 84 mil) para investir em seus estudos.  

“Hoje nós comemos pouquíssimas coisas. No Brasil e no mundo, nossa alimentação é baseada em poucas espécies convencionais. Isso é muito negativo do ponto de vista nutricional. Se conseguirmos fazer novos alimentos chegarem à mesa das pessoas, teremos uma diversificação de nutrientes e de opções alimentares”, disse Patrícia Medeiros à BBC News Brasil. 

A jovem tem um doutorado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e leciona Agroecologia e Engenharia Florestal na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Atualmente estuda as relações entre as pessoas e plantas. Ela se interessou pelas plantas alimentícias não convencionais devido ao desejo de trabalhar com as comunidades extrativistas e auxiliá-las a ampliar sua renda. 

O objetivo é derrubar as barreiras que limitam o consumo de alimentos poucos conhecidos em centros urbanos ou subaproveitados como o jenipapo, cambuí e pimenta rosa, entre outros. Primeiro, Patrícia identifica, junto às comunidades locais, quais espécies têm potencial para se tornarem mais populares. Depois, realiza estudos ecológicos e com consumidores para descobrir quais são as plantas silvestres mais aceitas, qual é o público-alvo, quais as melhores estratégias para apresentar esses produtos e para que eles cheguem aos centros urbanos. 

O objetivo de Medeiros é auxiliar pequenos agricultores a identificar, divulgar e comercializar plantas e frutas silvestres.  

“Estudos mostram que os alimentos convencionais têm deficiências de certos micronutrientes, como ferro e cálcio, minerais que precisamos na nossa alimentação. Pesquisas também indicam que as plantas silvestres têm muitos micronutrientes. Então seria uma forma de diversificar e não de substituir os produtos tradicionais”, afirma a cientista de 35 anos. 

Segundo ela, o Brasil ainda aproveita pouco seu potencial alimentar por conta do receio da população de consumir o que não é convencional. É a chamada “neofobia alimentar”, ou seja, o medo de comer coisas novas. Seu trabalho também inclui estratégias para driblar esse receio que pode desestimular o consumo de plantas silvestres e de espécies frutíferas selvagens. 

“É necessário diversificar para não sobrecarregar determinadas cadeias de alimentos. Esse é o ponto chave”, finaliza.  

As pesquisas da cientista Patrícia Medeiros foram premiadas, segundo a Fundação L’Oréal, porque além de incluir novos produtos na alimentação, promovem a biodiversidade e a segurança alimentar.  

Veja também: Google oferece 500 mil bolsas de estudo para jovens brasileiros 

> Voltar

© Copyright 2018 - Fundação Cristã Espírita Cultural Paulo de Tarso / Rádio Rio de Janeiro

Tsuru Agência Digital
Desenvolvido pela