Vacina contra a dengue gera anticorpos em mais de 90% dos participantes
Por: Lohrrany Alvim
31/03/2022 – 08h44
Em desenvolvimento há mais de 10 anos, a tão esperada vacina contra a dengue do Instituto Butantan induziu a geração de anticorpos em 100% dos indivíduos que já tiveram a doença e em mais de 90% daqueles que nunca haviam tido contato com o vírus.
É o que revela um novo estudo, de fase 1, publicado por pesquisadores da farmacêutica Merck, parceira do instituto brasileiro. A pesquisa foi publicada no último dia 15 de março na revista científica Human Vaccines & Immunotherapeutics. O medicamento vem sendo desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos.
Seguindo esse ritmo, o Instituto Butantan espera que a pesquisa seja concluída até 2024. De acordo com o centro de pesquisa, este novo artigo demonstra, mais uma vez, que a vacina tetravalente contra a dengue protege pessoas com e sem contato prévio com o vírus.
O estudo
Na pesquisa, 200 adultos receberam duas doses do imunizante ou placebo para avaliar a capacidade da segunda dose de aumentar os anticorpos. A equipe entendeu que, após a primeira dose, a soroconversão, ou seja, a janela de tempo que os anticorpos têm para se defender, foi de 100% em quem já teve dengue e 92,6% em quem nunca foi infectado.
Já a dose adicional não induziu diferenças significativas, o que significa que uma única dose é suficiente para produzir resposta imunológica contra a doença.
A capacidade da vacina de gerar uma resposta imune (imunogenicidade) foi analisada durante um ano por meio de testes de neutralização do vírus e se manteve alta em todos os participantes.
“A vacina também se mostrou segura e sem efeitos adversos graves. As reações mais comuns foram dor de cabeça, fadiga, erupção cutânea e mialgia (dor muscular)”, informa o Butantan, em nota.
Vacina da rede privada
Aqui no Brasil, está disponível a vacina Dengvaxia, fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. O imunizante é vendido na rede privada na maior parte do país e não está disponível no Programa Nacional de Imunizações, o PNI.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Dengvaxia não deve ser tomada por quem nunca teve a doença. O órgão entende que o imunizante é considerado seguro apenas para aqueles que já foram infectados pelo vírus, uma vez que estudos preliminares indicaram formas mais graves da doença após a aplicação da vacina em pessoas que não haviam tido um contato prévio com o vírus.
Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também recomendou que a imunização ocorra apenas quando houver a confirmação de que o paciente já foi exposto ao vírus.
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