Setembro amarelo: movimento busca combater o estigma que cerca a depressão
Por: Adriano Dias
04/09/2021 – 11h25
Muita gente fala que uma simples conversa pode significar o primeiro passo de coisas importantes em nossas vidas. No combate a depressão, isso não é diferente. Partindo desta ideia, um movimento que surgiu em Santa Catarina tem a missão de requalificar, por meio do conhecimento, a conversa sobre depressão, gerando um ambiente mais favorável para quem precisa de acolhimento e ajuda especializada.
Com nome de “Falar Inspira Vida”, o movimento é uma coalizão formada por grandes instituições que defendem a causa da saúde mental no Brasil. A iniciativa busca levar informação de qualidade, contribuindo para uma sociedade mais preparada e livre de julgamentos.
Primeiras iniciativas
No ano passado, o movimento criou uma ferramenta que mostra como dialogar de forma mais empática, com base no conhecimento sobre as consequências da doença e dos estigmas relacionados à depressão. O guia é resultado de uma reflexão coletiva entre os membros do movimento sobre como comentários inadequados podem impactar as pessoas que sofrem da doença.
O guia “Depressão: quando saber ouvir e falar inspira a vida”, apresenta orientações e exemplos para mudar a forma de falar sobre depressão, acolher quem mais precisa de ajuda e engajar na busca por ajuda médica. No semestre passado, o grupo lançou o Guia sobre Saúde Mental e Depressão nas Empresas, com conteúdo coproduzido pelas organizações membros do movimento, que tem como objetivo trazer essa mesma perspectiva para o dia a dia da realidade corporativa. Outras iniciativas vão aparecer futuramente.
A saúde mental no trabalho
Nesta temporada, o movimento quer estimular nas empresas um ambiente que seja favorável para que os pacientes busquem suporte especializado e tenham sucesso na jornada de tratamento. Contornar a situação se tornou fundamental principalmente no momento em que o mundo busca alternativas para tratar os problemas causados pela pandemia do novo coronavírus. Segundo uma pesquisa feita pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, divulgado pelo jornal Valor Econômico, houve um aumento de 80% nos casos de estresse e ansiedade. Quando se trata da depressão, os números dobraram.
Ainda segundo o mesmo relatório, os pacientes diagnosticados com depressão resistente ao tratamento, por exemplo, não apresentam melhoras satisfatórias diante de, pelo menos, duas linhas de tratamento e representam cerca de 30% dos casos totais de depressão. Essas pessoas perdem 36 dias de trabalho por ano e sofrem com quase duas vezes mais dores nas costas, distúrbios do sono e obesidade – problemas que causam um aumento de 40% dos custos diretos com saúde e dobram os gastos anuais associados à incapacidade e absentismo.
Problema mundial
Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que 97% das pessoas que cometem suicídio apresentam transtornos mentais, principalmente a depressão. Segundo Ester Gomes, especialista em desenvolvimento humano, para evitar que quadros como esses evoluam, é preciso falar sobre autocuidado, autoconhecimento e responsabilidade pessoal. É necessário entender a origem daquela dor ou sofrimento, quebrar o ciclo que a paralisa na tristeza ou depressão, sendo um dos caminhos para encontrar a cura.
“A pandemia nos fez olhar para dentro, e questões que antes costumávamos ignorar, como um problema no relacionamento amoroso, ou dificuldades familiares, vêm à tona. Além disso, questões como as preocupações financeiras despertaram em muitos sintomas de ansiedade, depressão, entre outros”, explica a especialista.
Além do “Falar Inspira Vida”, outras iniciativas estão consolidadas para ouvir você a qualquer momento. É o caso do CVV – Centro de Valorização da Vida, que presta serviço voluntário e gratuito 24 horas por dia, nos 365 dias do ano, aos que querem e precisam conversar sobre seus sentimentos, dores e descobertas, dificuldades e alegrias. Você pode ligar para o 188 agora e vai ter alguém para iniciar uma conversa amiga.
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