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Programa utiliza músicas preferidas de pacientes com demência para garantir o bem-estar físico e emocional

Por: Lohrrany Alvim
08/05/2021 – 11h02
Cinco instituições australianas participaram do projeto, que reduziu os comportamentos agressivos. (Foto reprodução internet)

 

Uma pesquisa do instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial e cedida à BBC News Brasil, mostra que 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano. Mas esse dado alarmante não é exclusividade do Brasil. Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%) são nações com porcentagens maiores que a do nosso país.

Outro estudo, publicado pela Fiocruz, com seis universidades em meados do ano passado, ressaltava que “sentimentos frequentes de tristeza e depressão afetavam 40% da população adulta brasileira, e sensação frequente de ansiedade e nervosismo foi relatada por mais de 50% das pessoas”. Com isso, podemos perceber que a saúde mental global foi afetada pela pandemia de Covid-19.

 

Recuperando a felicidade e tranquilidade

Mas como garantir o bem-estar físico e emocional de pacientes e cuidadores em tempos de coronavírus? Na Austrália, um programa busca oferecer algumas respostas para esta pergunta. Realizado pela Flinders University em cinco instituições de longa permanência, o projeto criou seleções musicais personalizadas para os residentes. Com isso, cada um podia apreciar as músicas de sua preferência.

A pesquisa faz parte da iniciativa “Harmony in the bush”, com duração prevista de dois anos. O objetivo do projeto é identificar elementos não farmacológicos que tragam bem-estar aos doentes. Esta intervenção resultou em menos sintomas psicológicos e comportamentos disfuncionais entre os pacientes e, consequentemente, num nível menor de estresse por parte dos cuidadores.

Na Austrália, entre 60% e 70% dos idosos vivendo em instituições têm demência. Desse total, entre 70% e 90% apresentam algum tipo de sintoma psiquiátrico. Segundo o estudo, a música melhorou a disposição, estimulou a memória e teve um efeito tranquilizador para estas pessoas.

Pelo menos um terço dos residentes exibia um quadro depressivo de leve a severo antes da experiência, de acordo com o doutor Vivian Isaac, especialista em epidemiologia psicossocial e autor sênior de artigo publicado na “BMC Geriatrics”.

“O modelo é eficaz. Houve queda significativa de comportamentos agressivos e agitação dos pacientes, o que, por tabela, diminui o estresse dos cuidadores”, ressalta Isaac.

Outro ponto positivo após a introdução do novo método foi a redução de uso de medicamentos psicotrópicos em relação aos meses anteriores ao projeto.

 

Projeto brasileiro

Aqui no blog da Rádio Rio de Janeiro, já mostramos uma estratégia terapêutica contra Alzheimer. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo indica o poder da música como uma forma de amenizar sintomas de demência em pessoas com Alzheimer. De acordo com o autor do estudo, o musicoterapeuta e mestre em Gerontologia Mauro Amoroso Pereira Anastácio Júnior, a música exerce enorme influência na vida humana.

“No caso do idoso, estimula sentimentos, sensações e remete a épocas, pessoas, lugares e experiências vividas, evocando emoções guardadas em sua memória”, conta.

Nos resultados verificados pelo pesquisador, embora os cuidadores se sentissem cansados por conta dos sintomas que a doença causa, a musicoterapia trouxe momentos prazerosos ao duo. O estudo comprova que canções do repertório autobiográfico do casal, que trazem lembranças de fatos e situações vividos juntos, amenizam sintomas como a agitação, e possibilitam mais qualidade de vida ao cuidador.

Veja também: Projeto comunitário de escola da zona sul do Rio leva afeto aos idosos durante o isolamento

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