Pesquisadores testam proteína de trepadeira no combate ao vírus HIV
Estudo segue sendo realizado em uma universidade no estado de São Paulo.
2,5 mil mortes. Este é o número de casos que o Brasil evitou entre os anos de 2014 e 2018. Apenas nos últimos cinco anos, o número de casos fatais pela doença caiu 22,8%, de 12,5 mil em 2014 para 10,9 mil em 2018. Apesar dos dados positivos, o Ministério da Saúde acredita que 135 mil pessoas vivem com HIV no Brasil e não sabem. Diante deste alarmante número de pessoas que desconhecem a doença, um grupo de cientistas brasileiros começou a desenvolver uma técnica que pode impedir o crescimento desta doença por aqui.
Made in Brazil
Diretamente da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, um grupo de pesquisadores, em parceria com a Universidade norte-americana da Louisiana, testam uma substância para combater este vírus. Eles extraíram da semente de uma trepadeira, planta encontrada no Nordeste, uma proteína chamada puchelina. Nos testes, ela atingiu a marca de 90% das células infectadas que foram executadas.
Para o portal G1, a pesquisadora Ana Paula Ulian Araújo informou que as sementes da planta Abrus pulchellus tenuiflorus são tóxicas e, se ingeridas, podem matar. Aliás, este tipo de proteína foi ligada a anticorpos produzidos no laboratório. Os pesquisadores testaram a substância em células com o vírus HIV, fornecidas por um hospital norte-americano. Nos testes feitos no Instituto de Física da USP, eles puderam observar que a simples mistura da proteína puchelina com os anticorpos identifica somente as células doentes, matando o HIV. Já os glóbulos brancos sadios não são atingidos.
Como se não bastasse o feito, o resultado deste experimento conseguiu ser publicado em um dos principais sites de divulgação científica do mundo, o Scientific Reports, que reúne artigos da revista Nature.
A próxima fase é testar a substância em macacos e depois em humanos.
“É o começo muito positivo que pode trazer, a partir de estudos então posteriores, quem sabe a tão desejada cura da Aids. É claro que a gente não pode dizer isso agora, mas o potencial existe e é muito promissor”, disse a pesquisadora da USP.
Em todo território nacional, quase 830 mil pessoas são portadoras do HIV. Ainda segundo o Ministério da Saúde, são 41 mil novos casos por ano. Hoje, os medicamentos matam apenas os vírus que estão circulando no organismo e, geralmente, provocam diarreia, vômito e manchas. A substância, produzida na USP, consegue eliminar também os vírus que estão ‘escondidos’ no corpo, em lugares como o sistema linfático e em partes do intestino.
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Alerta Ligado
Um recente relatório feito pela Organização das Nações Unidas mostra que a luta global contra a AIDS está travando devido ao investimento menor, à falta de serviços de saúde vitais em comunidades marginalizadas e ao aumento de novas infecções de HIV em algumas partes do mundo. Só por aqui, segundo o mesmo relatório, houve um registro de aumento de 23% nos casos de novas infecções por HIV, em oito anos. Em números, o Brasil registrou 37 mil novos casos durante o ano de 2018. Mesmo com esses números alarmantes, esperamos que essa pesquisa consiga avançar e que esse número possa diminuir, por aqui e mundo afora.
Redação por Adriano Dias
23/02/2020 – 18h43
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