Pesquisadores descobrem mamífero mais antigo da Terra no Brasil
Trabalho, que envolveu paleontólogos do Brasil e do Reino Unido, começou em março de 2004.(Foto Reprodução: Internet)
Por: Adriano Dias
16/09 – 10:30
A ciência segue seu trabalho de desvendar os mistérios dos nossos antepassados. O mais recente foi descoberto em território verde-e-amarelo. Um grupo de paleontólogos brasileiros e ingleses descobriu recentemente, por aqui, a existência de mamíferos, que podem ser os mais antigos do mundo. Segundo informações publicadas no site CNN, o trabalho de cerca de 20 anos revelou que os fósseis localizados na região central do Rio Grande do Sul pertencem a uma espécie de roedor.
Descoberta através de locais específicos
Segundo a publicação, a pesquisa utilizou como base análises de microscopia das mandíbulas e dos dentes de cinodontes chamados Brasilodon quadrangularis. Esses mesmos foram encontrados fossilizados em rochas do período Triássico no estado gaúcho. Os parentes antigos das capivaras viveram nesta região há 225 milhões de anos. Essas relíquias descobertas foram publicadas na revista científica Journal of Anatomy, no último dia 6 de setembro.
De acordo com os pesquisadores, os pequenos brasilodotídeos tinham 20 centímetros de comprimento total e pesariam pouco mais de 15 gramas. Eles se assemelhavam aos pequenos roedores atuais, mas até hoje, eram descritos na literatura científica como tendo uma natureza biológica reptiliana.
Através de um comunicado, o doutor em Geologia e um dos pesquisadores do projeto, Sergio Furtado Cabreira, explicou que “desde que foram encontrados os primeiros fósseis de cinodontes, na segunda metade do século XIX, estes pequenos fósseis eram descritos como animais ectodérmicos e ovíparos, ou seja, de sangue frio e que colocariam ovos para sua reprodução”
Porém, Cabreira ressaltou que a pesquisa realizada por eles “demonstrou, através de análises de microscopia das mandíbulas e dos dentes, que estes pequenos animais já apresentavam difiodontia, ou seja, apenas uma dentição permanente substituindo a dentição de leite”.
Ainda segundo a equipe, esta difiodontia está associada, nos mamíferos atuais, a características fisiológicas como endotermia, placentação e lactação. Ou seja, os brasilodontídeos eram diminutos animais peludos endotérmicos – ou sangue quente – e produziriam ninhadas de filhotes nascidos vivos, os quais seriam então amamentados pelas suas mães.
Os primeiros passos para a descoberta
Os trabalhos iniciais dos histológicos com as dentições destes fósseis localizados na Universidade Federal do Rio Grande do Sul foram feitos em março de 2004, quando os paleontólogos selecionaram algumas mandíbulas isoladas do fóssil para a preparação e confecção de lâminas histológicas e posterior estudo em diferentes microscópios. Ainda para CNN, o pesquisador detalhou que as principais descobertas ocorreram uma vez que o esmalte e outros tecidos dentários mineralizados dos animais apresentam informações sobre características básicas das condições metabólicas em que são formadas.
Ainda segundo Cabreira, dessa forma, foi possível diagnosticar quais dentes teriam iniciado sua formação durante a fase de desenvolvimento placentário de embrião, e quais os dentes teriam se formado após o nascimento dos animais.
Os pesquisadores classificam a descoberta como relevante, já que mostram que mamíferos placentários são tão antigos quanto os primeiros dinossauros e traz importantes informações sobre o conservantismo e o continuísmo dos padrões genéticos, embriológicos e fisiológicos dos vertebrados ao longo do tempo.
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