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Pesquisa da USP confirma poder da música contra Alzheimer

O Alzheimer é uma síndrome cerebral progressiva que afeta a memória, o pensamento, o comportamento e a emoção.

Doença de Alzheimer não possui cura.
Doença de Alzheimer não possui cura. | Foto: Reprodução Internet

 

O último alerta da Organização Mundial de Saúde, de 2019, inclui a prática regular de exercícios aeróbicos e a adoção da dieta mediterrânea – baseada na alta ingestão de cereais integrais, frutas, peixes, vegetais e azeite de oliva para a prevenção da demência. Isso porque, com o acelerado envelhecimento da população mundial, o alto índice de crescimento de casos de demência tornou-se um dos principais desafios de saúde pública.

Segundo a OMS, mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência, e a cada ano são registrados quase dez milhões de novos casos. Com isso, a estimativa da Organização Mundial de Saúde é de que 152 milhões de pessoas serão afetadas até 2050.

 

Música: estratégia terapêutica contra Alzheimer

Embora não exista cura para a doença de Alzheimer, muito pode ser feito para amenizar os sintomas. É o que aponta uma pesquisa da Universidade de São Paulo, que indica o poder da música como uma forma de amenizar sintomas de demência em pessoas com Alzheimer.

De acordo com o autor da pesquisa, o musicoterapeuta e mestre em Gerontologia Mauro Amoroso Pereira Anastácio Júnior, a música exerce enorme influência na vida humana.

“No caso do idoso, estimula sentimentos, sensações e remete a épocas, pessoas, lugares e experiências vividas, evocando emoções guardadas em sua memória”, ressalta.

Em seu estudo, Mauro procurou investigar o efeito da musicoterapia nas relações familiares conjugais e de amizade de cuidadores que eram cônjuges de pessoas diagnosticadas com Alzheimer. Ele tem formação musical e trabalhou mais recentemente com pesquisas na área do envelhecimento pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. A ideia era juntar as duas áreas e transformar o aprendizado em pesquisa.

Ao todo, foram 12 atendimentos semanais direcionados a quatro casais idosos que moravam no município de São Paulo. A escolha das pessoas que fizeram parte da pesquisa levou em conta as seguintes características: que um dos indivíduos tivesse diagnóstico de Alzheimer em estágio inicial ou moderado e que o cuidador tivesse assumido essa função há mais de seis meses.

Após a seleção, o pesquisador realizou entrevistas com o grupo e buscou as canções mais significativas da história de vida das pessoas envolvidas. Uma das atividades realizadas por Mauro foi a gravação dos dois cantando alguma música do repertório deles e, em seguida, propôs que ouvissem a gravação juntos.

Veja também: Folha de pitangueira pode auxiliar no combate a demência

 

Efeito positivo contra Alzheimer

Nos resultados verificados pelo pesquisador, embora os cuidadores se sentissem cansados por conta dos sintomas que a doença causa, a musicoterapia trouxe momentos prazerosos ao duo. O estudo comprova que canções do repertório autobiográfico do casal, que trazem lembranças de fatos e situações vividas juntos, amenizam sintomas como a agitação, e possibilitam mais qualidade de vida ao cuidador.

A pesquisa apresenta também dados sobre a tendência de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas no Brasil impulsionada pelo envelhecimento da população. Segundo o estudo, em 1950, a expectativa de vida era de 51 anos. Já em 2016, passou para 75,8 anos e a previsão para 2040 é de 80 anos. Para o pesquisador, “é preciso adotar abordagens terapêuticas para o manejo da doença, uma vez que os medicamentos farmacológicos disponíveis dão conta apenas dos sintomas”.

O Alzheimer é a mais comum das demências e afeta três vezes mais mulheres que homens. O início dos sintomas ocorre após os 40 anos de idade em 96% dos casos, e entre 45 e 65 anos em 80% dos pacientes.

 

Vacina contra Alzheimer

A demência ainda não possui uma forma de prevenção específica. Pensando nisso, uma vacina que previne a doença foi testada recentemente em ratos e os primeiros resultados foram bem sucedidos. O estudo foi publicado na revista médica Alzheimer’s Research & Therapy.

Os testes clínicos do medicamento, com foco em prevenir o Alzheimer, devem começar em até dois anos. A ideia é estimular a produção de anticorpos que se conectam as proteínas, fazendo com que o sistema imunológico humano as destrua antes que as placas se formem.

Antes que a vacina chegue ao mercado serão feitos testes clínicos em humanos para a certificação de que o mecanismo de atuação é o mesmo dos camundongos e que não há efeitos colaterais associados ao tratamento.

A vacina foi desenvolvida por Nikolai Petrovsky, diretor de endocrinologia da Universidade Flinders, em Adelaide, na Austrália Meridional, mas a pesquisa está sendo liderada e financiada pelo Instituto de Medicina Molecular na Califórnia e pela Universidade da Califórnia em Oakland, que é o principal sistema universitário de pesquisa pública do mundo.

 

Redação por Lohrranny Alvim

23/01/2020 – 12h49

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