Prova de amor: marido faz serenata todos os dias para mulher que enfrenta o Alzheimer
“A vida imita a arte”. Esse clichê do britânico Oscar Wilde sempre aparece para algo que acontece vida real e que é também retratado em algum espetáculo, seja ele no cinema, no teatro ou na televisão.
Por acaso, você lembra a história de “Como se fosse a primeira vez”? Pois é, o filme lançado no ano de 2004 – estrelado pelos atores Adam Sandler e Drew Barrymore – conta a história de um veterinário marinho que se apaixona por uma professora que sofre de amnésia e precisa reconquistá-la todos os dias. Se você acredita que histórias como essa se limita apenas ao mundo da sétima arte, o que vamos contar aqui vai fazer você rever um pouco sobre essa ideia.
A música como cura
Cantar e tocar violão. Essas atividades sempre foram rotineiras na vida do argentino Lúcio Yanel. Residindo no Brasil há mais de 40 anos, ele compartilha sua vida como um dos mais importantes representantes da música gaúcha com sua mulher, Sueli de Fátima Teixeira. Essa parceria já dura há quase 25 anos.
A arte de fazer serenatas no meio da tarde sempre fizeram parte da rotina do casal. Hoje, porém, o que era um simples lazer virou uma necessidade. Pela saúde e pelo encontro dele com sua amada, que agora enfrenta a fase mais difícil do Mal de Alzheimer – que a atinge desde 2008. Uma foto postada recentemente por Lúcio mostrando a comovente cena rapidamente viralizou.
A postagem veio acompanhando um desabafo do argentino. “Já faz alguns anos que o Alzheimer vai me roubando a minha amada companheira. E para que me sinta ao seu lado, minhas serenatas diárias. Tu és o meu melhor público”. O músico afirma que Sueli passa os dias na cama, chorando, precisando de ajuda para tudo e que ela só para de chorar para ouvir o parceiro cantar.
A doença começou a se manifestar na Suely quando ela tinha apenas 52 anos. Desde 2015, ela não consegue andar ou falar.
No entanto, o amor do casal se abala diante das benditas “curvas da vida” e, apesar da dor, Lúcio optou por cuidar da esposa. Ele costuma tocar canções do folclore pampeano e clássicos do sertanejo, as músicas que ela sempre gostou. Essa decisão fez com que ele largasse a carreira para cuidar da esposa. Para se ter uma ideia, ele já tocou com gigantes como Mercedes Sosa, Astor Piazzola e gravou um disco com seu discípulo Yamandu Costa.
Dados sobre a doença
De acordo com a Alzheimer’s Disease International, federação que agrega entidades de combate à doença, estima-se que uma pessoa desenvolva demência no mundo a cada três segundos. Entre as patologias que provocam perda de memória e de habilidades cognitivas, a doença de Alzheimer é a mais comum, principalmente entre os idosos. Só no Brasil, há um registro de 55 mil novos casos de demências todos os anos, a maioria decorrentes de Alzheimer.
Ao mesmo tempo, em muitos casos a doença sequer é diagnosticada. Um estudo publicado por pesquisadores do departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo em 2015 estimou, com base na cidade de São José dos Campos, que 77% das pessoas com demência são diagnosticadas, o que poderia significar cerca de 800 mil pessoas em todo o Brasil.
Redação por Adriano Dias
15/11/2019 – 15h12
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