Leucemia pode ser curada com Cordões umbilicais que iriam para o lixo
As Células-tronco encontradas dentro do cordão umbilical são retiradas durante o parto, logo após o nascimento do bebê.
A doação só pode ser feita em maternidades credenciadas na rede Brasilcord.|Foto meramente ilustrativa.
Sabia que um cordão umbilical pode salvar vidas? Isso mesmo! Após o nascimento do bebê, o cordão umbilical é pinçado e separado, cortando a ligação dele com a placenta. Esse material costuma ser jogado no lixo.
Mas pesquisadores descobriram que o sangue armazenado dentro do cordão umbilical é repleto de células-tronco que podem ser recolhidas e congeladas para posteriormente serem usadas para transplante e curar pessoas que tenham leucemia ou outras doenças do sangue e que não encontram doadores compatíveis em sua família.
Por não ter riscos para o bebê e nem para a mãe, este tipo de doação está em expansão aqui no Brasil. Vale ressaltar, que a doação só pode ser feita em maternidades credenciadas na rede Brasilcord, que reúne os bancos públicos do cordão umbilical. Atualmente, estão em funcionamento as unidades do INCA no Rio de Janeiro, do Hospital Albert Einstein, do Hospital Sírio Libanês e dos hemocentros da Unicamp e de Ribeirão Preto, todos no estado de São Paulo. Já no restante do Brasil estão funcionando as unidades de Brasília, Florianópolis, Fortaleza e Belém. É importante destacar também, que existem dois bancos públicos aqui no Brasil que participam de uma rede internacional para fornecer sangue aos doentes de outros países.
De acordo com Luís Bouzas, diretor do Centro de Transplantes de Medula Óssea do Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, a BrasilCord tem mais de oito mil cordões armazenados. E completou dizendo que o líquido do cordão umbilical dá mais esperança para os doentes, na hora de achar um doador que seja compatível com o tipo sanguíneo.
“No transplante com células-tronco de medula óssea, para que o resultado seja positivo é necessário um grau de compatibilidade de 100%. O sangue de cordão permite que se faça com apenas 70% de compatibilidade”, explica o médico do Inca.
Além disso, outra vantagem é que o doador não precisa fazer nenhum tipo de exame e nem ir ao hospital para a retirada das células. Com isso, reduz o tempo de espera por um transplante.
“Os cordões são uma fonte de células-tronco que já está pronta para uso. Há pacientes que não têm tempo de esperar por um doador compatível“, afirma Andreza Ribeiro, coordenadora do banco público de cordão umbilical mantido pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Parto tranquilo
Antes de doar, a gestante tem que atender a alguns critérios. Dentre eles, ser maior de 18 anos, ter feito no mínimo duas consultas de pré-natal, estar com idade gestacional acima de 35 semanas no momento da coleta e não possuir, no histórico médico, doenças neoplásicas (câncer) e/ou hematológicas, como: anemias hereditárias.
Para as mães, o procedimento é simples. Logo depois do parto, o sangue é extraído do cordão umbilical e levado para o laboratório, onde são eliminados os glóbulos brancos e o plasma, sobrando cerca de 20 mililitros de sangue com células-tronco. Esse material é colocado em uma bolsa especial e armazenado em uma geladeira a menos de 190 graus Celsius negativos, em nitrogênio líquido. Feito isso, os dados sobre as células recolhidas são colocados em um sistema federal para as pessoas que precisam de transplante acessar e buscar um sangue compatível.
Poucas maternidades
Na rede pública, a taxa de coleta de cordões umbilicais ainda é baixa. Portanto, a mãe que quiser doar, precisa fazer o parto em uma maternidade credenciada.
“Estamos desenvolvendo uma espécie de kit com informações de como coletar esse material. Dessa forma, talvez possamos congelar cordões para quem quiser doar, mas não dará à luz em maternidades conveniadas aos bancos públicos”, relata Bouzas, do Inca.
Bancos particulares
A procura por bancos de sangue de cordões umbilicais particulares tem crescido. Mas há uma diferença em relação ao público. As células-tronco são guardadas para uso exclusivo da própria família doadora.
Redação por Jenneffer Dutra
24/06/2019 – 16h20
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