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Gari consegue trabalho na área de direito após andar mais de 10 km de bicicleta para ir à faculdade

Por: Adriano Dias
04/09/2021 – 12h15

Kettly Cristina conseguiu a vaga após passar por um processo na região metropolitana de Cuiabá.(Foto reprodução Internet)

 

“Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui…” Essa letra eternizada na voz do Toni Garrido, com o grupo Cidade Negra, resume muito bem a vida de muitos brasileiros que precisam superar as barreiras para atingir os seus objetivos. Usando um jargão bem utilizado no futebol, o brasileiro de hoje em dia precisar cobrar o escanteio, correr para pequena área, cabecear e, no último caso, pegar o rebote para fazer o gol. É o que se passa na vida de Ketlly Cristina da Silva.

Moradora de Cuiabá,  a gari de 25 anos conseguiu um grande feito na sua vida: ser convidada para trabalhar na Procuradoria Geral da cidade de Várzea Grande, localizada na região metropolitana da capital do Mato Grosso. Com esta medida, enfim, ela vai exercer a função compatível com sua formação acadêmica. Mas, para chegar a essa conquista, foi necessária uma caminhada longa. E que caminhada!

 

Em busca do sonho

Ao portal G1, Ketlly contou que atua paralelamente como agente de limpeza mesmo após conseguir conquistar a vaga através de um concurso público realizado no município. Como não bastasse encarar as dificuldades financeiras para o deslocamento para a faculdade, ela precisou passar por mais um sacrifício: ir todas as noites de bicicleta, pedalando mais de 10 km diariamente.

“Algo que sempre coloquei em mim. O não a gente sempre tem, mas vamos procurar o sim. O conhecimento abre sua mente, muda sua vida e abre portas”, relata Ketlly ao site.

Ainda para o G1, ela contou que, antes de passar em um concurso do município para o cargo de gari, trabalhava como vigia de uma escola de manhã e, durante à tarde, ia para as ruas vender “cremosinho” – sacolé para os cariocas.

Atualmente, ela recebe mensalmente um salário-mínimo. O marido está desempregado e eles têm um filho de nove meses. Além disso, ela relatou um acidente que sofreu com uma moto e, mesmo após passar por uma cirurgia, ficou com sequelas no ombro direito, o que causava muita dor na hora de varrer as ruas. Ketlly então pediu ao superior para ocupar outro cargo, até que ficasse curada.

“Foi aí que ele me deixou como recepcionista. Isso me ajudou muito, porque aí não ficava tão cansada e com tanta dor e conseguia me dedicar mais aos estudos”, explica a gari.

 

Próxima meta: OAB

Ketlly afirmou também que já concluiu sua inscrição para o tradicional exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Assim como todas as metas que já foram atingidas, ela acredita que vai alcançar mais este objetivo.

“Eu fiz a inscrição e tenho fé que vou conseguir. Depois disso, claro que não tenho condições ainda de abrir um escritório, mas vou procurar clientes e, assim que tiver dinheiro, vou construir meu escritório”, afirma ela.

Com certeza, todos aqueles que vibraram com a história dela vão estar na torcida para que a gari possa ostentar o título de advogada.

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