Estudo aponta que países liderados por mulheres responderam melhor à pandemia de Covid-19
Por: Lohrrany Alvim
06/08/2020 – 16h41
Este tema não é novidade. Em abril, mostramos por aqui que governos liderados por mulheres viraram exemplos de combate ao novo coronavírus. Um levantamento feito pela revista Forbes mostrou que os países com mulheres na liderança apresentaram resultados melhores. A matéria citou alguns países, como a Alemanha, Finlândia, Islândia, Noruega, Nova Zelândia e Taiwan. Agora, mais um estudo chegou para confirmar o levantamento de abril.
Segundo a nova pesquisa, os dez países mais afetados pelo novo coronavírus no mundo são liderados por homens, seja em número total de casos ou em casos por milhão de pessoas. Os fatores levados em consideração foram os gastos com saúde, turismo e a densidade populacional. Também foi considerado o fato de ter um número menor de mulheres no poder, com apenas 10% dos países no mundo governados por elas. Nesse novo estudo, ficou claro que, em qualquer variável, países liderados por mulheres deram respostas melhores à pandemia do que países liderados por homens.
O levantamento é assinado pelas pesquisadoras e professoras de economia Supriya Garikipati (Universidade de Liverpool) e Uma Kambhampati (Universidade de Reading). Após compararem nações com população de tamanho similar, elas descobriram que os países com mulheres no comando tiveram um número menor de casos de Covid-19.
O estudo aponta ainda que, entre os métodos utilizados, lideranças femininas estão preparadas para assumir riscos econômicos significativos, optando pelo isolamento social ou até mesmo o lockdown mais cedo.
Comparações
Um dos exemplos mais utilizados para comparar lideranças masculinas e femininas é a Nova Zelândia, liderada pela primeira-ministra Jacinda Ardern, que recebeu reconhecimento internacional e virou referência pela resposta rápida no combate à doença. O país eliminou o vírus em junho, mas a Covid-19 voltou com poucos casos depois da reabertura das fronteiras. Apesar disso, o número de infecções não se compara ao visto quando o primeiro surto aconteceu no país.
A Nova Zelândia tem mais de 1.500 casos e 22 mortes, bem diferente da Irlanda, que soma mais de 25.000 casos e mais de 1.700 mortes. A Irlanda era comandada até o fim de junho pelo primeiro-ministro Leo Varadkar, de centro-direita, e, após uma nova coalizão entre os partidos, Micheál Martin assumiu o posto.
Nesse novo levantamento, além de Irlanda e Nova Zelândia, as pesquisadoras comparam Reino Unido e Alemanha, Israel e Sérvia, e Paquistão e Bangladesh para apontar evidências de que os locais governados por mulheres tiveram menos mortes e casos de coronavírus até agora.
Já na comparação entre Alemanha e Reino Unido, no grupo com menos de 100 milhões de habitantes, a Alemanha tem mais de 206.000 casos e o Reino Unido soma mais de 301.000. Em números absolutos, a Alemanha tem, inclusive, mais de 10 milhões de habitantes a mais do que o Reino Unido. Os alemães são governados pela chanceler Angela Merkel, enquanto o Reino Unido, pelo primeiro-ministro Boris Johnson.
Na comparação entre Israel e Sérvia, ambos têm população pouco abaixo dos 9 milhões de habitantes. Enquanto Israel, governado pelo premiê Benjamin Netanyahu, tem mais de 61.000 casos do novo coronavírus, a Sérvia, liderada pela premiê Ana Brnabić, tem mais de 27.000. Já Bangladesh, liderada pela primeira-ministra Sheikh Hasina, tem mais de 223.000 casos, em comparação com 274.000 do Paquistão, governado pelo premiê Imran Khan.
Estudos anteriores citados pelas autoras também apontam para diferenças neurológicas e comportamentais. Os dados mostram que mulheres tendem a ter mais empatia, o que também auxiliou no combate à pandemia.
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