Estudantes de Campinas desenvolvem prato biodegradável de cará que substitui o plástico
Por: Adriano Dias
21/02/2021 – 10h25
Já apresentamos neste humilde blog diversos projetos que ajudam a promover um mundo cada vez mais sustentável e o melhor de tudo é ver que essas iniciativas estão saindo das mãos dos nossos jovens, o que reforça ainda mais o compromisso desta geração com um planeta mais vivo e saudável.
Outro bom exemplo que vamos contar aqui vem de São Paulo, onde um grupo de estudantes de escola pública criou uma alternativa sustentável a partir do cará – um tubérculo – para utensílios descartáveis feitos de plástico, resistentes ao tempo de decomposição na natureza.
Projeto que nasceu após uma festa
De acordo com o site SóNotíciaBoa, as alunas Manuella Cristina Rodrigues Gonçalves e Mariana Caciatore Cardoso, de uma escola técnica de Campinas, não aceitavam a quantidade de lixo desperdiçado após uma festa com pratos, talheres e copos plásticos. A partir dessa “revolta” e após algumas pesquisas, as jovens de 17 anos desenvolveram um biopolímero a partir do amido extraído do cará-moela, espécie de tubérculo que nasce em uma planta trepadeira.
Com a pesquisa desenvolvida, as jovens chegaram a um material com textura gelatinosa e uma estrutura bem parecida com os produtos plastificados que se mostrou adequado para criar o projeto Bioutensílios. Elas explicaram que a decomposição dos produtos à base do vegetal ocorre em cerca de seis meses, enquanto o plástico pode demorar centenas de anos para desaparecer completamente do meio ambiente.
Projeto premiado
Em dezembro de 2020, a iniciativa foi premiada na 8ª Mostra de Ciências e Tecnologia do Instituto 3M, com o segundo lugar na categoria Ciências Exatas e da Terra. Além disso, elas também estão entre os 19 finalistas do Centro Paula Souza, o que levaram Manuella e Mariana para a 19ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, que será realizada em formato virtual, entre os dias 15 e 27 de março.
Para o site, Manuella detalhou que a escolha da matéria-prima ocorreu após a análise de outros estudos que apontavam a existência de uma grande concentração de amido no cará-moela.
“Além de possibilitar um alto rendimento, a planta se reproduz com facilidade e o nosso processo de produção é bem simples, permitindo a criação de um material mais sustentável e de valor competitivo para substituir o plástico”, explica.
Ainda de acordo com a aluna, o projeto foi desenvolvido durante dois meses de pesquisas e testes sobre a viabilidade do material.
“Diante da pandemia, tivemos que nos adaptar para fazer os procedimentos laboratoriais dentro de casa. Utilizamos vinagre no lugar dos ácidos, forno convencional em vez de estufa e liquidificador em substituição ao agitador magnético. Mesmo no improviso, conseguimos chegar a um modelo eficiente de prato biodegradável”, completa.
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