Blog

Estudantes ajudam porteiro do colégio a passar no vestibular

Ozeilto deixou a escola aos 16 anos após o nascimento do primeiro filho

Adolescentes realizam atitude que muda vida de porteiro | Foto meramente ilustrativa 

A Organização para a Cooperação E Desenvolvimento Econômico divulgou o estudo “Um olhar sobre a educação” no final de 2018. Na análise ficou esclarecido que o Brasil é um dos países com o maior número de pessoas sem diploma do ensino médio. Segundo o estudo, 52% dos alunos com idade entre 25 e 64 anos não atingiram esse grau de escolaridade.

O porteiro Ozeilto Barbosa de Oliveira fazia parte desta estatística. Mas, optou por mudar quando foi convidado a participar do grupo de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Foram 20 anos sem estudar quando largou os estudos aos 16 anos quando o primeiro filho nasceu. O tempo a ser recuperado era grande, mas não o bastante para desmotivar o porteiro.

Em apenas um ano, ele cumpriu as etapas necessárias para conclusão do Ensino Médio e, simultaneamente, fez parte da turma do pré-vestibular do colégio. Empenhado, Ozeilto aproveitava o recreio e o horário de saída das aulas para tirar dúvidas sobre os exercícios com outros estudantes. “A convivência com os alunos e o ambiente escolar despertaram em mim a vontade de estudar”, afirma.

Décadas que se misturam

O porteiro Ozeilto teve a ajuda também das alunas Bárbara Rocha, de 20 anos, Débora Lopes, de 19, e Ramona Uliana, de 21. Elas acompanharam de perto o esforço de “Ozê”, apelido carinhoso que as jovens deram. Débora contou que ajudava ele em Matemática. “A gente via ele todo dia com a apostila na mão lendo ou fazendo exercícios”, explica.

As meninas dizem ainda que a área da saúde é certamente o que combina com o perfil de “Ozê”. “Ele é afetivo, olha para cada um de forma individual e cumprimenta os alunos pelo nome. A gente reclama por pouco, somos privilegiadas por estudar na juventude. Ele só conseguiu agora”, relatou Bárbara.

E não é que todo esse esforço valeu a pena. Aprovado com bolsa de 100% pelo Prouni, o morador de Vitória, no Espírito Santo, vai ser a partir do próximo semestre de 2019 um calouro do curso de Enfermagem de uma faculdade local. Hoje com três filhos e dois netos, ele, que um dia chegou a ser catador de latinhas, vê a nova chance com alegria. “Eu fiquei muito feliz, vou realizar meu sonho e dar uma vida mais digna para minha família”, conta Ozeilto.

Aprender não tem idade

            Aos 70 anos, a ex-faxineira Ivete Souza se formou pela Universidade Federal do Acre no curso de Artes Cênicas. Quando tinha 50 anos ela se formou no ensino médio, mas, foi com 65 anos que ingressou na faculdade.

Dona Ivete, que nasceu no seringal disse que conheceu o teatro através de um amigo na década de 80. Ela já trabalhou como auxiliar de enfermagem, faxineira, serviços gerais, na saúde e educação. No entanto, o sonho de estudar permaneceu vivo.

Em 2014 enfrentou o desafio de começar o ensino superior e durante os anos 5 anos de curso foi inspiração. A colação de grau da atriz foi no mês de maio deste ano e ganhou uma homenagem especial dos colegas, professores e até da reitora da universidade.

> Voltar

© Copyright 2018 - Fundação Cristã Espírita Cultural Paulo de Tarso / Rádio Rio de Janeiro

Tsuru Agência Digital
Desenvolvido pela