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Dispositivo de inteligência artificial ajuda estudantes cegos no Brasil

Por: Lohrrany Alvim
04/08/2022 – 08h55

O Orcam MyEye se conecta a todo tipo de armação de óculos. (Foto reprodução Internet)

 

A estudante Kayenne Alves, de 16 anos, moradora de Cuiabá, Mato Grosso, tem deficiência visual desde que nasceu. Aluna do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), ela recebeu da Secretaria da Educação do Estado algo que, segundo ela, a fez avançar nos estudos desde abril. Trata-se do dispositivo com inteligência artificial chamado Orcam MyEye. 

“Nem sempre as pessoas me entendem. Poucos conseguem realmente saber o que é a inclusão. Para mim, ter uma tecnologia que permite ler diferentes livros por transformar as palavras em áudio me trouxe mais confiança, segurança e independência”, declara a jovem.  

O Orcam MyEye pesa apenas 22 gramas, é do tamanho de um dedo e se conecta a todo tipo de armação de óculos. Criada em Israel em 2015, a tecnologia é capaz de transformar textos de livros ou de qualquer superfície, como um cardápio, em voz alta. E o melhor: sem necessitar de conexão à internet. Basta apontar o dedo onde quer que se faça a leitura.  

O sensor óptico captura a imagem e através da inteligência artificial converte as informações instantaneamente em áudio por meio de um pequeno alto-falante localizado acima do ouvido. Aqui no Brasil, o dispositivo chegou através da empresa Mais Autonomia. Segundo o diretor Doron Sadka, a companhia decidiu importar o aparelho com o sistema adaptado em três idiomas: português, inglês e espanhol. 

Além da Kayenne, outros estudantes cegos ou com baixa visão receberam a tecnologia em escolas estaduais, municipais e universidades privadas ou públicas entre o ano passado e este ano, nos estados de Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Amazonas. 

Os alunos vão poder utilizar os óculos até encerrarem o curso na unidade de ensino. Em São Paulo, além das instituições, foram colocados 54 óculos no sistema de bibliotecas, um no Centro Cultural São Paulo e dois na Biblioteca Mario de Andrade.  

A empresa ainda estima que estudantes e trabalhadores tiveram contato com o dispositivo em 800 cidades. No entanto, o número não chega nem perto dos 35,7 milhões de brasileiros com deficiência visual, segundo o último censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010. 

Infelizmente, por ser importada e de alto custo — cerca de R$ 14 mil cada —, a tecnologia ainda não é acessível para todos com deficiência visual no Brasil.

Outros recursos  

Por outro lado, existem diversos aplicativos no smartphone para reconhecer imagens, rótulos de produtos, cédulas de dinheiro, entre outros, que podem ajudar pessoas com deficiência visual.  

O TapTapSee, usado para ler rótulos de produtos, e o Seeing AI, uma iniciativa de inteligência artificial da Microsoft para organizar documentos em pastas, além de reconhecer os textos das fotos que recebe por e-mail ou redes sociais, são os mais conhecidos. Já o Facebook, da Meta, usa algoritmos para ter a descrição de imagem automática para cegos.

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