Desenvolvedores da vacina contra a Covid-19 podem avançar com imunizante contra o câncer de pele ainda este ano
Por: Adriano Dias
21/10/2022 – 10h55
Nos últimos anos vimos o avanço de duas vacinas que ganharam relevância. A primeira está se mostrando eficaz na contenção de mortes de Covid. Já a segunda está com estudos científicos bem avançados para erradicar o câncer de pele. Porém, a pergunta que fica em tudo isso é: e se juntar a tecnologia de um para conter o avanço da doença da outra vacina? É o que está realizando a fabricante Moderna, que ganhou notoriedade na produção de vacinas contra o Sars-Cov-2 e a Merck, aqui do Brasil.
Segundo reportagem divulgada pelo jornal O Globo, as duas empresas estão aguardando os resultados da “Fase 2” dos testes clínicos contra o câncer de pele no final deste ano. De acordo com o que foi divulgado pelos dois grupos, através de um comunicado, caso sejam positivos, o teste consegue avançar para a terceira e última etapa antes da aprovação pelas agências reguladoras. A novidade em desenvolvimento é diferente das vacinas tradicionais, destinadas à prevenção de doenças infecciosas, pois ela trabalha no tratamento do melanoma, o tumor de pele considerado o mais letal.
Doenças diferentes, tecnologias iguais
Segundo os idealizadores, para ativar o sistema imunológico contra as células cancerígenas, a vacina utiliza o RNA mensageiro, tecnologia destacada a partir dos investimentos para combater a pandemia da Covid-19. Com esses estudos que, por exemplo, levaram as vacinas da Pfizer e da Moderna para o Coronavírus a saírem do papel, a tecnologia se mostrou altamente eficaz em despertar a proteção do organismo e destravou um novo caminho para evitar e tratar doenças.
Na visão do presidente da fabricante, Stepha Hoge, “com os dados esperados para este trimestre sobre a PCV (sigla em inglês para vacina personalizada para câncer), os pesquisadores seguem entusiasmados com o futuro e o impacto que o RNAm pode ter como um novo paradigma de terapia no tratamento do câncer”. Ainda segundo o mesmo comunicado “continuar com esta aliança com a Merck é um marco importante, pois existe a possibilidade de aumentar nossa plataforma de RNAm com programas clínicos promissores em várias áreas terapêuticas”
Ainda segundo os pesquisadores, para estimular a ação no organismo, o RNAm trabalha como um código com instruções para que as células do próprio corpo produzam certa proteína. Eles citaram que, na vacina contra Covid-19, em vez de o imunizante introduzir o vírus inativado ou uma parte dele para que o sistema imunológico o reconheça e crie a proteção, o RNAm utiliza o próprio organismo como “fábrica” da proteína S do coronavírus, que então induz o corpo a produzir as células de defesa e anticorpos para o Sars-CoV-2.
Agora, a tecnologia é uma esperança não apenas de aplicações em desenvolvimento para tratar câncer, como também para vacinas que protegem contra o HIV, o zika vírus e outras doenças que têm imunizantes de RNA mensageiro atualmente em fase de testes.
O câncer de pele no Brasil
Confirmando os avanços e a eficácia do imunizante, o novo produto pode conter um número preocupante por aqui. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil. Ainda segundo o grupo, somente no Instituto Nacional do Câncer, é registrado, a cada ano, cerca de 185 mil novos casos. Agora, é esperar o avançar dos estudos, para que possamos dizer que, sim, é possível conter o câncer de pele e a ciência está dando passos largos para isso.
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