Covid -19: Grupo de profissionais cria tenda para evitar contaminação em cirurgias
Projeto foi desenvolvido por um hospital universitário de Fortaleza.
Por: Adriano Dias
21/05/2020 – 14h14
A vulnerabilidade dos profissionais que estão nos hospitais pelo Brasil vem preocupando ainda mais as autoridades no combate a Covid-19. Pensando nisso, uma proteção para profissionais de saúde foi elaborada para auxiliar aqueles que seguem na linha de frente contra o novo coronavírus. No Ceará, uma espécie de “tenda” vem atuando no bloqueio de gotículas e gases contaminados durante as cirurgias respiratórias.
O projeto, intitulado de Covid-Box, nasceu através de uma equipe multidisciplinar do Hospital Universitário Walter Cantídio, localizado na capital Fortaleza. Desde março, este equipamento vem sendo utilizado – ainda que de forma experimental – em intervenções de pacientes que testaram positivo para a Covid-19 e também em outros sem a doença. A criação brasileira chegou a ser destaque em revistas científicas internacionais de grande relevância, como Auris Nasus Larynx e ScienceDirect. Especialistas afirmam que essa caixa pode auxiliar também pesquisadores e profissionais de saúde na linha de frente contra a pandemia no mundo inteiro.
A Covid-Box tem uma armação de aço inox esterilizável, que é posto sobre o paciente. A partir desta etapa, o produto é recoberto com um campo plástico descartável de gramatura alta (90g/m2), também estéril. Quem explica são os cirurgiões de cabeça e pescoço, Márcio Studart e Wellington Alves, e também a enfermeira Eliane de Paula, chefe do Centro Cirúrgico e da Sala de Recuperação. Esta tenda possui aberturas que permitem a realização das cirurgias.
Para o jornal Diário Do Nordeste, Studart afirmou que o equipamento forma uma caixa transparente estéril.
“Através de aberturas laterais realizadas pelos próprios cirurgiões, é possível ter acesso ao campo cirúrgico. Dessa forma, tanto ergonomia como segurança são preservados”, completou o cirurgião.
Outro ponto positivo para a Covid-Box é o custo acessível do protótipo. Segundo o otorrinolaringologista André Alencar, o produto pode ser copiado em outros hospitais públicos e privados. No Hospital Universitário, o projeto possui apoio de uma empresa local que constrói as peças de aço de forma voluntária. Já o plástico é comprado pelo próprio hospital e possui um valor muito baixo.
Próximos Avanços
Márcio Studart afirma que segue na busca por parcerias para a produção em larga escala na intenção de ajudar outras unidades de saúde. De acordo com o cirurgião, o desejo da equipe é que a ideia seja utilizada em países em desenvolvimento.
“Existem muitos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) no mundo, mas se fala muito pouco da proteção coletiva. Eles são muito mais lógicos e tem uma eficiência muito maior. A Covid-Box serve nesse sentido. Nem toda unidade hospitalar pode ter, por exemplo, uma sala com pressão negativa. O dispositivo ameniza a proliferação da doença” ressalta Studart.
Até o último dia18, o Ceará era o Estado com o segundo maior número de casos confirmados de Covid-19 no Brasil. Só nos resta acompanhar e torcer que o projeto possa contribuir na batalha contra esta doença.
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