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Cientistas da Universidade de São Paulo impedem a evolução do câncer de pâncreas

Por: Isabela Lauriano
02/08/2022 – 08h25

Os pesquisadores analisaram a base de dados The Cancer Genome Atlas (TCGA), que reúne informações do material genético de mais de 20 mil pacientes com 33 tipos de câncer. (Foto reprodução Internet)

 

O medo de ter câncer atinge 27% dos brasileiros, ocupando o primeiro lugar na lista de situações temidas, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha em 2019. O principal motivo dessa doença ser tão assustadora é o significado de em alguns casos, ser fatal. No Brasil, é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes causadas pela doença.  

 

Um dos tipos de câncer que tem uma preocupação muito grande, é o câncer de pâncreas. Ele é um tipo de tumor maligno que normalmente não leva ao aparecimento de sinais e sintomas nos estágios iniciais. Pensando nisso, Cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Universidade de São Paulo, estudaram e conseguiram impedir a evolução do câncer de pâncreas.  

  

Eles identificaram uma proteína presente na maioria das pessoas que morreram com a doença. E com um inibidor dessa proteína veio a notícia boa: “Com isso, houve um índice maior de morte das células tumorais, o que evitou o crescimento e a migração em ensaios in vitro, tornando-as menos malignas”, afirmou o coordenador da pesquisa, o professor João Agostinho Machado Neto, do Laboratório de Biologia do Câncer e Antineoplásicos do Departamento de Farmacologia do ICB-USP. 

  

Os pesquisadores analisaram a base de dados The Cancer Genome Atlas (TCGA), que reúne informações do material genético de mais de 20 mil pacientes com 33 tipos de câncer. O resultado, obtido com o uso do composto NSC305787, foi publicado na Revista Investigational New Drugs do Grupo Springer Nature. A descoberta, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), abre caminho para o desenvolvimento de uma nova terapia contra esse tipo de câncer. Foi aí que eles identificaram que a maioria dos pacientes com câncer de pâncreas tinha alta quantidade da proteína ezrina (se trata de um dos cânceres mais letais e que têm poucas opções terapêuticas) morria de dois a cinco anos após o surgimento dos tumores. 

  

A aplicação foi feita em modelos que simulam os tumores da doença. Trata-se de linhagens celulares, aprovadas para uso comercial, que foram obtidas a partir de amostras doadas por pacientes e submetidas ao processo de imortalização. 

   

Segundo Machado-Neto, em estudos anteriores com modelos animais, o inibidor obteve bons resultados em termos de farmacocinética (capacidade de chegar até o local de ação e permanecer dentro do organismo) e se mostrou pouco tóxico. No entanto, ainda não há como desenvolver medicamentos a partir dele, porque o composto ainda não foi testado em seres humanos. Seu uso é restrito para pesquisa até o momento.Caso seja eficaz também em seres humanos, a estratégia deverá ser importante nos estágios iniciais e intermediários do câncer de pâncreas, já que evitaria o agravamento da doença. 

  

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a doença representa 4% do total de mortes por cânceres no Brasil, o que corresponde a cerca de 12 mil óbitos ao ano. Ainda segundo o órgão, cerca de 87% dos casos brasileiros resultam em mortes. Um dos principais fatores para a alta taxa de óbitos é a falta de alternativas terapêuticas, que hoje se resumem, basicamente, na quimioterapia.

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