Cães são treinados para diagnosticar câncer de mama no Brasil
Por: Lohrrany Alvim
11/02/2021 – 13h15
Na última quinta-feira, 04 de fevereiro, foi celebrado o Dia Mundial do Câncer. E para ajudar no trabalho de biodetecção precoce, um método inusitado está sendo testado. O Projeto KDOG recorre ao olfato de cães treinados para detectar o câncer de mama em estágio inicial. A proposta, que chegou ao Brasil graças à parceria com a Sociedade Franco-Brasileira de Oncologia, é do Instituto Curie, centro de pesquisa e tratamento de câncer francês.
A iniciativa está desenvolvendo uma técnica simples, barata e não invasiva de rastreamento da doença a partir do olfato dos cães. A biodetecção é a utilização de animais ou outros organismos vivos para detectar algo como substâncias ilícitas ou perigosas, agentes patogênicos, entre outras coisas. Para isso, os cães recebem treinamento para detectar diferentes tipos de câncer de mama em ambiente controlado.
Nos laboratórios, os especialistas usam cones para oferecer amostras de odores humanos para os animais, como podemos ver na foto da matéria. O método descarta o contato físico entre os animais e as pessoas, para evitar estresse das duas partes. Os cães trabalham com sistema de recompensa. Encontrando o odor de câncer, ganham petiscos ou brinquedos pelo “bom trabalho”.
Testagem
O protocolo para recolher as amostras é bem simples: homens e mulheres são orientados a lavar as mãos com sabonete neutro antes de dormir e colocar compressas entregues em um kit sobre as duas mamas, retirando-as ao acordar, após nova lavagem das mãos com o sabonete neutro. Após esse processo, as compressas são colocadas em um saco e enviadas para o projeto, onde são submetidas ao olfato dos animais no laboratório.
Segundo o responsável técnico pelo projeto no Brasil, Leandro Lopes, os cães ficam estáticos em frente à amostra que aponta resultado positivo para câncer de mama. Ele ainda explica que o câncer é uma modificação biomolecular que vem do corpo humano. E por conta disso, exala cheiro que, muitas vezes, é imperceptível para o homem, mas não para os cães.
“Por meio do cheiro, o cão detecta se é negativo ou positivo. O trabalho de biodetecção tem uma acertabilidade de 91,8%, comprovada cientificamente e seguindo parâmetros do KDOG França”, ressalta Leandro Lopes.
Ainda de acordo com o responsável técnico, a ideia do projeto não é eliminar os protocolos tradicionais para detecção de câncer, como mamografia e outros exames, mas antecipar e tentar colocar as pessoas em uma triagem, para chegar mais rápido ao mamógrafo. Para Leandro Lopes, o método pode ajudar, principalmente, populações distantes dos grandes centros, além de pessoas carentes.
Técnica no Brasil
Como falamos no início da matéria, a novidade chegou ao Brasil graças a uma parceria com instituição francesa criadora do projeto. Por aqui, a iniciativa já tem um cão formado e outros dois em treinamento em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, onde funciona o projeto no Brasil. A estrutura montada prevê o treinamento de seis cães desde filhotes. A intenção é disponibilizar o método de diagnóstico precoce no Sistema Único de Saúde (SUS) até o fim do primeiro semestre de 2021.
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