Blog

Brasileiras ganham maior prêmio de conservação do meio ambiente

Patrícia Medici e Gabriela Cabral Rezende receberam o Whitley Awards, conhecido como “Oscar Verde”.

Por: Lohrrany Alvim
19/05/2020 – 13h58
Whitley Awards, conhecido como “Oscar Verde”, é o maior prêmio relacionado ao meio ambiente.
Patrícia e Gabriela são pesquisadoras da ONG IPÊ.

 

Em um momento difícil pelo qual o Brasil e o mundo estão passando, por conta da pandemia do novo coronavírus, é sempre bom trazer notícias positivas. Esta envolve duas brasileiras que receberam o maior prêmio relacionado à conservação ambiental do mundo. Conhecido como “Oscar Verde”, o Whitley Awards, do Whitley Fund for Nature (WFN), divulgou no último mês os seus grandes vencedores do ano.

Patrícia Medici e Gabriela Cabral Rezende são pesquisadoras da ONG IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, criada há 26 anos para conservar a fauna ameaçada no Brasil.

 

Patrícia Medici

A pesquisadora lidera a Iniciativa de Conservação da Anta Brasileira, com foco na preservação do maior mamífero terrestre da América do Sul. A engenheira florestal é responsável por ter criado o maior banco de dados sobre a espécie do mundo. Junto de sua equipe, foram realizadas pesquisas de ponta para entender a ecologia das antas e informar ações de conservação na Mata Atlântica, no Pantanal e no Cerrado.

“As antas são conhecidas como jardineiros da floresta devido ao importante papel que desempenham na formação e manutenção de ecossistemas funcionais. Elas são grandes embaixadoras da conservação do habitat”, afirma Patrícia ao Whitley Awards.

A anta enfrenta agora uma variedade de ameaças causadas pelo homem, incluindo a destruição e fragmentação do habitat devido à expansão da agricultura, pecuária, atropelamentos em rodovias, caça, mineração, entre outras. O Whitley Fund for Nature (WFN) tem apoiado o trabalho de Patrícia nos últimos 12 anos, contribuindo para a expansão das ações da iniciativa por todo o Brasil.

“Receber este prêmio é extremamente importante, particularmente pelo momento pelo qual passamos. Mais do que nunca, precisamos ressaltar a importância de manter o equilíbrio de nossos ecossistemas. A atual crise de pandemia que vivemos está intimamente conectada com a destruição de nossos ecossistemas e com a forma como lidamos com a natureza”, alerta a pesquisadora.

O prêmio será utilizado para o fortalecimento do trabalho da Iniciativa de Conservação da Anta Brasileira em todo o país. Parte do recurso será usada para uma reavaliação da população de antas no Parque Estadual Morro do Diabo, na Mata Atlântica. No Pantanal, as antas continuarão sendo monitoradas por equipamentos como armadilhas fotográficas.

 

Gabriela Cabral Rezende

Já a segunda brasileira recebeu o Whitley Award pelo seu trabalho de conservação do mico-leão-preto. A bióloga coordena o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto, do Instituto de Pesquisas Ecológicas. A base principal do projeto é a região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do estado de São Paulo, que possui o maior remanescente florestal da Mata Atlântica do Interior.

“O mico-leão-preto só existe no Estado de São Paulo. Tanto que é a espécie símbolo do Estado. Temos a responsabilidade de garantir sua existência. Estou extremamente agradecida pelo prêmio, que nos ajudará a continuar um trabalho de conservação que precisa ser contínuo”, afirma Gabriela Cabral Rezende.

O financiamento do Whitley Award permitirá que Gabriela e a equipe do IPÊ plantem mais corredores ecológicos. O objetivo do projeto é conectar todas as populações de mico-leão-preto em uma área de floresta contínua de cerca de 45 mil hectares, equivalente a 45 mil campos de futebol.

“A inspiração em pesquisadores pioneiros é a energia que me faz avançar. Enquanto conservacionista, meu sonho é salvar espécies ameaçadas de extinção. Fazer a diferença para uma espécie e seu habitat é o caminho que encontrei para deixar um planeta melhor para as gerações futuras e inspirá-las a se envolver com a conservação, seja profissionalmente ou nas ações do dia a dia. Com o prêmio, espero também poder motivar outras cientistas mulheres a atuar pela conservação ambiental”, ressalta a bióloga.

Outros cinco pesquisadores conservacionistas de outros países também receberam a honraria.

Veja também: Biólogo brasileiro vence prêmio internacional com projeto para a Amazônia

 

Pandemia

O prêmio é entregue anualmente em cerimônia oficial em Londres, no Reino Unido, pela Princesa Anne, filha da Rainha Elizabeth II. Este ano a cerimônia foi adiada em função da pandemia do novo coronavírus, mas os vencedores receberão seus respectivos prêmios por seus feitos na conservação de espécies ao redor do mundo, além de recursos financeiros para auxiliar na continuidade de seus projetos. A quantia é de 40 mil libras esterlinas (cerca de R$ 277 mil) para cada premiado.

> Voltar

© Copyright 2018 - Fundação Cristã Espírita Cultural Paulo de Tarso / Rádio Rio de Janeiro

Tsuru Agência Digital
Desenvolvido pela