Brasil terá representantes do Ceará nas Olimpíadas de Química na China
Por: Álefe Panaro
27/03/2024 – 10h55
As garotas estão dominando a ciência! As estudantes Sophia Alves, de 17 anos, e Ayumi Matsumoto, de 16, vão à China em abril para as provas da Olimpíada Internacional de Química. Elas são as únicas do gênero feminino na delegação de vagas para 10 brasileiros.
As jovens passaram pelas fases estaduais e nacionais do certame para, então, conquistarem, em seletiva, as vagas para competir no país que sediará as olimpíadas. O processo acontece desde 2023, exigindo dedicação e muita atenção à saúde mental.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, a estudante Sophia revela que se questionava sobre a possibilidade de estar nas competições, porém, a afinidade que teve “desde sempre” com a Química e a oportunidade de se preparar, serviram de incentivo para a classificação.
Jovens promissoras
Aos 14 anos, a adolescente começou a visualizar seu espaço no mundo da Química, principalmente quando conquistou medalhas de ouro na Olimpíada Cearense de Química e na Olimpíada Nacional de Ciências. Em uma das mais recentes competições, ela veio com benefícios: a partir dela, Sophia conseguiu bolsa de estudos para se dedicar ainda mais em seus objetivos.
Foi então que Sophia deixou de questionar o que talvez passe na cabeça de várias meninas e mulheres na ciência: “será que eu consigo algum espaço?”
“Comecei a ter uma certa noção de que eu podia avançar nesse ramo. Quando saiu o resultado de que eu iria à internacional, fiquei desacreditada. Fico muito feliz em ser parte da representatividade das meninas. Espero conseguir um bom resultado pro Brasil”, comemora Sophia.
Elas precisam ainda conciliar os estudos das competições com a escola. A rotina de estudos do 3º ano do ensino médio não é fácil, mas para Sophia foi aí que, além do conhecimento sobre fórmulas e reações químicas, a menina precisou trabalhar também a sua saúde mental.
“No começo foi bem difícil porque eu queria passar o tempo todo estudando – e a mente pifou. Mas refleti e aprendi que preciso ter saúde mental pra continuar. Passo boa parte do dia estudando, mas tenho momentos pra diversão, conversar com amigos. Consigo separar as coisas”, afirma.
Agora, Sophia está eufórica com a viagem e com a oportunidade de viabilizar seu nome e seu país natal no outro lado do mundo. “Vai ser a primeira vez, e pra um lugar bem diferente, uma cidade bem legal. Tô ansiosa e feliz!”
Para Ayumi, levar seu conhecimento para além das fronteiras brasileiras é um verdadeiro sonho, mas antes disso ela precisou passar por algumas mudanças. Há dois anos, a potiguar atravessou a fronteira entre o Rio Grande do Norte e o Ceará para estudar em Fortaleza: longe dos pais, driblando a saudade para persistir no objetivo e focando na competição.
“Apesar de o colégio ter me dado todo o apoio, bate a saudade, é difícil. Você tem que aprender a se virar sozinha, fazer tudo. Muito mais que só o físico, o emocional precisa amadurecer muito”, desabafa a jovem.
Mesmo estando “surpresa” com a classificação para as olimpíadas na China, Ayumi considera “uma responsabilidade muito grande” representar o Nordeste e o Brasil internacionalmente.
“O ambiente que eu tenho deixa tudo um pouco mais leve, mas mesmo assim é uma rotina pesada, mesmo sendo uma coisa que a gente gosta muito. Fiquei muito feliz de saber que todo o esforço e sacrifício estão valendo a pena”, completou a estudante.
Competição internacional
A International Mendeleev Chemistry Olympiad (IMChO) surgiu em 1992, sendo hoje uma das competições acadêmicas de Química mais importantes do mundo, com a participação de mais de 20 países.
Neste ano, dez brasileiros vão representar o país na cidade de Shenzhen, na China. As provas serão realizadas entre 20 e 27 de abril.
A primogênita medalha de ouro do Brasil na Olimpíada Internacional de Química foi conquistada em 2018 por uma cearense: a então estudante Ivana Gomes, à época com 16 anos.
Seis anos depois, em 2024, ela vira a professora de Sophia e Ayumi – que fazem questão de mencioná-la como “grande inspiração”. E Ayumi justifica: “é muito mais do que Química, ela ensina sobre a vida”.
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