Histórias que provam: nunca é tarde para voltar a estudar e se formar
Por: Álefe Panaro
27/08/2025 – 15h00

Valéria, 77 anos, redescobre a alegria de estudar
A professora aposentada Valéria Cláudia Laboissieree Ulhoa, de 77 anos, se formou no curso de Educador Político Social em Gerontologia, da Universidade de Brasília (UnB). A iniciativa veio da filha, que a inscreveu no programa Universidade do Envelhecer (UniSER), voltado para pessoas com mais de 45 anos.
Mesmo sem grandes expectativas, Valéria se surpreendeu com a experiência. Ao longo de um ano e meio, ela aprendeu sobre direitos dos idosos, cuidados com a saúde, educação financeira e organização de medicamentos, mas também fez novas amizades e redescobriu a alegria de estudar. “Aprender me fez bem. Sinto que minha mente está mais aberta e meu coração, mais feliz”, contou.
O curso envolveu não apenas aulas teóricas, mas passeios, atividades práticas e trocas de experiências, promovendo um ambiente de pertencimento e estímulo mútuo. Para Valéria, o aprendizado trouxe leveza, autonomia e uma nova forma de enxergar o envelhecimento.
Edmilson, 43 anos, vence barreiras da cegueira para se formar em Pedagogia
O estudante cego Edmilson Alves da Silva começou a estudar apenas aos 20 anos, após enfrentar a falta de compreensão de seus pais, que não sabiam que sua deficiência visual exigia cuidados e estímulos específicos. Ele começou estudando com crianças de 7 anos e, mesmo sem acesso ao braile inicialmente, desenvolveu estratégias próprias para aprender a ler e escrever.
Somente aos 27 anos, Edmilson teve contato com o braile e concluiu o ensino fundamental e médio. Em 2017, ingressou na Universidade Federal de Viçosa (UFV), enfrentando os desafios da vida universitária e da adaptação à cidade. Com apoio do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão, desenvolveu autonomia, aprendeu a andar sozinho pelo campus, usar leitores de tela e se comunicar em libras com colegas surdos.
A pandemia trouxe mais dificuldades, como a falta de internet, mas ele persistiu. Hoje, aos 43 anos, Edmilson comemora sua formatura em Pedagogia, provando que dedicação e resiliência podem transformar qualquer trajetória.
Rui, 65 anos, realiza o sonho universitário incentivado pela filha
O carteiro Ruinatan Lopes de Souza, de 65 anos, foi aprovado no UnB 60mais, vestibular destinado a pessoas com 60 anos ou mais. Apaixonado por línguas, Rui já havia estudado francês na década de 1990, mas precisou interromper os estudos pelo trabalho. Agora, vai mergulhar no espanhol e realizar um sonho antigo.
A filha, Náthaly Souza, de 26 anos, foi peça fundamental na motivação para que Rui prestasse o vestibular. “Foi um longo processo até convencê-lo, porque ele achava que não conseguiria passar. Mesmo assim, acabei o convencendo”, contou a filha.
Rui se dedicou aos estudos, assistiu a videoaulas, praticou redações e agora se prepara para a nova fase acadêmica. “Se alguém me disser que sou velho demais para estudar, não me importo e vou em frente. Não deixe que os pessimistas impeçam seu sonho. Acredite em você. Você pode, não pare agora”, disse ele.
Aprender não tem idade
Essas histórias mostram que idade, barreiras físicas ou dificuldades iniciais não definem limites para a educação. Dedicação, coragem e apoio familiar são ingredientes essenciais para transformar sonhos em realidade, provando que nunca é tarde para aprender, crescer e se reinventar.
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