Tratamento com transplante de fezes pode aliviar sintomas de Parkinson
Por: Álefe Panaro
17/04/2024 – 10h55
Um potencial tratamento para a doença de Parkinson foi descoberto por cientistas na Bélgica, mas o que impressiona é o método inusitado guiado por transplante de fezes.
Os estudos realizados na Universidade de Ghent e do hospital universitário da instituição indicam que as bactérias intestinais em pessoas com Parkinson são diferentes das bactérias dos indivíduos sem a doença, e isso pode influenciar o desenvolvimento do quadro.
Em um ensaio clínico que teve duração de um ano, os pesquisadores comprovaram melhora após seis meses, um sinal de que a terapia tem potencial para incorporar futuros tratamentos da doença.
Publicado no periódico eClinicalMedicine, o estudo passou por 43 voluntários entre 50 e 65 anos em estágio inicial do Parkinson. Desses, 21 receberam a microbiota e 22 estavam no grupo placebo. Eles receberam amostras de doadores saudáveis de fezes por meio de um tubo que passou do nariz até o intestino delgado, onde foi depositado. Os voluntários foram avaliados três, seis e doze meses após o procedimento.
Os pesquisadores observaram benefícios a partir do sexto mês com dados mais animadores no décimo segundo mês, o que pode indicar que o método continua sendo positivo com o passar do tempo. Na avaliação final, após um ano depois do transplante de fezes, o escore motor melhorou no grupo que estava com as amostras da pesquisa, em média, 5,8 pontos. No outro grupo, que só receberam placebo, o índice foi de 2,7 pontos. Observa-se um resultado significativo, indicando melhora no quadro de saúde dos voluntários.
“Nossos resultados são realmente encorajadores!”, disse, em comunicado, Arnout Bruggeman, autor e estudante da pesquisa. “Após um ano, os participantes que receberam o transplante de fezes de doadores saudáveis mostraram uma melhoria significativa na sua pontuação motora, a medida mais importante para os sintomas de Parkinson.”
Relação das fezes com a doença
Investigações científicas indicam que, na fase inicial da doença, acontece uma aglomeração de proteínas na parede intestinal e elas impactam as células cerebrais porque são levadas do intestino para o cérebro pelo nervo vago.
Segundo dados dos estudos, pessoas que vivem com Parkinson costumam ter mais quadros de inflamação intestinal. Recentes pesquisas também demonstram que os indivíduos que carregam a doença apresentam alterações no microbioma intestinal, com mais quadros de inflamação no órgão. Os estudantes da universidade da Bélgica constataram que os voluntários que fizeram o transplante tiveram menos constipação, um dos frequentes sintomas da doença.
Doença de Parkinson
A doença neurológica não tem cura e além de métodos como reabilitação, os pacientes podem ser tratados com medicamentos, entretanto, em alguns casos, eles perdem a eficácia com o passar do tempo.
O Parkinson é uma doença que é causa distúrbio progressivo, ocasionando tremores, rigidez e problemas de coordenação motora.
> Voltar