Paraplégicos voltam a andar após implantação de eletrodos na medula espinhal
Por: Lohrrany Alvim
12/02/2022 – 08h58
Sabemos o quanto a ciência está avançada, mas esta semana testemunhamos um relato surpreendente que pode mudar a vida de muitas pessoas mundo afora. Três pacientes com os membros inferiores completamente paralisados após lesões na medula espinhal conseguiram andar, nadar e pedalar usando um dispositivo de estimulação nervosa controlado por um tablet com tela sensível ao toque.
Com a inovação, eles foram capazes de dar seus primeiros passos dentro de uma hora depois que os neurocirurgiões implantaram os primeiros protótipos de um dispositivo de estimulação nervosa controlado remotamente por software de inteligência artificial. Ao longo de seis meses, os pacientes recuperaram a capacidade de se envolver em atividades mais avançadas, como caminhar, andar de bicicleta e nadar em ambientes comunitários fora da clínica. Tudo isso controlando os próprios dispositivos de estimulação nervosa. Os pacientes são homens de 29, 32 e 41 anos.
Grégoire Courtine e Jocelyne Bloch, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia em Lausanne, lideraram o estudo publicado na revista Nature Medicine. Eles ajudaram a estabelecer uma empresa de tecnologia com sede na Holanda, que está trabalhando para comercializar o sistema.
Novos estudos
Eles esperam lançar um teste em cerca de um ano envolvendo 70 a 100 pacientes, principalmente nos Estados Unidos. Sabemos que ainda não há tratamento para permitir que a medula espinhal se cure, mas os pesquisadores buscaram maneiras de ajudar as pessoas paralisadas a recuperar a mobilidade por meio da tecnologia.
A expectativa é que, se os primeiros resultados deste estudo forem positivos em novas análises, pessoas imobilizadas por lesões na medula espinhal poderão um dia abrir um smartphone ou conversar com um smartwatch, selecionar uma atividade (como “andar” ou “sentar”) e enviar uma mensagem para um dispositivo implantado. De acordo com os pesquisadores, o dispositivo vai estimular nervos e músculos para fazer os movimentos apropriados acontecerem.
Jocelyne Bloch ressalta que, normalmente, para iniciar o movimento, o cérebro envia uma mensagem à medula espinhal, para estimular um conjunto de células nervosas que, por sua vez, ativam os músculos necessários. Mas após a lesão completa da medula espinhal, as mensagens do cérebro não podem chegar aos nervos. Grégoire Courtine explica que a equipe projetou os dispositivos para que os sinais elétricos entrassem na coluna pelos lados, e não pelas costas. Essa abordagem permite direcionamento e ativação muito específicos das regiões da medula espinhal.
Estudo em camundongos
Outro artigo publicado na revista Advanced Science descreve uma abordagem experimental para reparar lesões na medula espinhal. Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv tentaram reparar a medula espinhal em camundongos feridos usando células humanas adultas que foram projetadas para se comportar como células-tronco embrionárias, que podem se desenvolver em qualquer tipo de célula do corpo.
Eles relataram alcançar uma taxa de sucesso de 80% na restauração do movimento e da sensação dos camundongos paralisados. Os pesquisadores disseram que pretendem lançar testes em humanos dentro de alguns anos.
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