Invasão de Livros: Ação leva conhecimento e cultura para moradores do Complexo do Alemão
Por: Adriano Dias
03/12/2020 – 11h35
Este blog começa essa postagem com um convite: que tal voltar para 2010? Qual a imagem que você tem na memória referente a esse ano? Muitos vão lembrar da primeira Copa do Mundo no continente africano. Outros vão lembrar que elegemos a primeira mulher para presidir o país. Também tem aqueles que vão citar o resgate dos mineiros no Chile, além de outros que vão citar a tragédia do Morro do Bumba, na cidade de Niterói, Região Metropolitana no Rio. Pode parecer irreal, mas nem parece que todos esses eventos citados aconteceram há 10 anos.
Mas, os moradores do Complexo do Alemão e da Penha também possuem um fato marcante que aconteceu neste período que vai ser difícil de esquecer. No dia 28 de novembro de 2010, uma megaoperação policial, que contou com apoio das Forças Armadas, ocupou as duas comunidades com blindados, helicópteros e até atiradores de elite. No início, foi possível notar um efeito positivo, com investimentos para o desenvolvimento da comunidade. No entanto, infelizmente, esses projetos não conseguiram se manter por muito tempo, o que resultou no retorno dos casos violentos na região.
10 anos depois, uma nova invasão.
No último dia 29, os moradores do Complexo do Alemão presenciaram uma iniciativa para lá de especial após uma década deste fato. Um mutirão organizado pelo jornal “Voz das Comunidades” trabalhou para distribuir mais de 15 mil livros aos moradores. A ‘Invasão de Livros’, nome atribuído à ação, faz alusão às frequentes invasões policiais no conjunto de favelas cariocas. Em vez de violência, porém, é a literatura que define o elo entre a população local e os voluntários que adentram as comunidades.
Foram distribuídos exemplares pelas regiões Pedra do Sapo, Baiana, Favelinha, Inferno Verde, Palmeiras, Casinhas, Adeus, Prédios Acácias, Fazendinha, Mineiros, Matinha no Complexo do Alemão e Merendiba, Caixa d’água, Estradinha, Favelinha, Sereno e Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha.
Pelos becos e vielas, as obras doadas variavam entre os gêneros literários, títulos e classificação de idade. Para as crianças, livros como Amoras, do Emicida, e Pequeno Príncipe Negro, do Rodrigo França; para o público infanto-juvenil, os livros dos ícones teen Larissa Manoela e Enaldinho; e com livros na temática do Na minha pele, do Lázaro Ramos, e O Sol na cabeça, do Geovani Martins, os adultos e idosos também foram contemplados.
A iniciativa repercutiu nas redes sociais no último final de semana e gerou alegria para os moradores. Muitos relataram ser a primeira vez que tiveram acesso a um livro. Projetos como esse, organizado por Renê Silva, mostra que juntando engajamento e mobilização, dá para fazer uma operação segura nas comunidades, apresentando resultados positivos a longo prazo.
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