Jovens brasileiros criam repelente com canela e hortelã contra Aedes aegypti
Por: Lohrrany Alvim
21/11/2020 – 10h35
Cinco estudantes do 1º ano do Ensino Médio de uma escola em Ipojuca, em Pernambuco, desenvolveram um aromatizante à base de canela e hortelã que combate o mosquito Aedes aegypti com mais eficácia do que repelentes industrializados. O projeto do grupo é finalista do Prêmio Respostas para o Amanhã, iniciativa da Samsung que desafia alunos e professores da rede pública de ensino de todo o Brasil a desenvolverem soluções para problemas locais com experimentação científica e/ou tecnológica por meio da abordagem STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
Início do projeto
A ideia surgiu após grande aumento, em Pernambuco, no número de casos de dengue, zika e chikungunya, doenças que, assim como a febre amarela, são transmitidas pelo Aedes aegypti. Com isso, os cinco alunos da Escola de Referência em Ensino Médio de Ipojuca, cidade com cerca de 85 mil habitantes que compõe a Região Metropolitana do Recife, buscou uma solução para frear o desenvolvimento do mosquito em todos os seus estágios utilizando apenas substâncias orgânicas.
Por conta da pandemia de Covid-19, foram necessárias adaptações para que fossem respeitadas as orientações de distanciamento social. Cada um dos cinco estudantes recebeu em casa um kit de laboratório reciclado, confeccionado com material de papelão, isopor e madeira MDF.
Para o projeto, o grupo estudou plantas medicinais da região que demonstrassem eficiência suficiente para não ser necessário o acréscimo de produtos químicos e tóxicos que poderiam comprometer o meio ambiente e a saúde humana. Os resultados se mostraram promissores com a combinação dos óleos essenciais das plantas hortelã-pimenta e canela, eliminando larvas e mosquitos em 30 minutos, enquanto inseticidas industriais levam horas.
Para captar os óleos essenciais das plantas, também foi desenvolvido um destilador de arraste a vapor sustentável para cada um dos participantes do projeto, utilizando tubos PVC 40, madeira e chapas de alumínio reaproveitadas, garrafas PET, mangueiras de nível e outros materiais.
“O nosso maior desafio foi levar o ensino para a casa do aluno, mantendo nosso foco em sustentabilidade. Assim, também desenvolvemos uma utilização mais segura do biorrepelente, que não pode ser colocado na pele humana, devido ao risco de reações alérgicas. Nossa solução foi utilizá-lo em um aromatizador de ambiente capaz de repelir os mosquitos”, explica o professor Carlos José de Souza Júnior, professor de Matemática do 1º ano do Ensino Médio da Escola de Referência em Ensino Médio de Ipojuca.
A ideia foi tão bem aceita que Isabel Costa, gerente de Cidadania Corporativa da Samsung Brasil, disse que “o projeto vindo de Ipojuca atende importantes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) indicados pela Organização das Nações Unidas e que são incentivados pelo Prêmio Respostas para o Amanhã, promovendo educação de qualidade, oportunidade de aprendizagem, soluções sustentáveis e incentivo a uma vida saudável”.
Finalistas
Como já ressaltamos, a pesquisa desenvolvida em Ipojuca chegou a final da edição atual do Prêmio Respostas para o Amanhã. Mesmo em tempos de distanciamento social, o programa atraiu 1749 estudantes, 997 professores e 303 escolas públicas diferentes somente nesta sétima edição brasileira. Os temas mais explorados foram educação, infraestrutura urbana ou rural (com soluções para mobilidade e acessibilidade) e saúde (projetos envolvendo bem-estar, alimentação e combate à fome).
Ao todo, foram avaliados 521 projetos, sendo 202 (38,8%) da região Sudeste, 174 (33,4%) do Nordeste, 81 (15,5%) do Norte, 37 (7,1%) do Centro-Oeste e 27 (5,2%) do Sul.
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