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Setembro Amarelo: procura por atendimento psicológico gratuito cresce durante a quarentena

Por: Lohrrany Alvim
24/09/2020 – 15h45
Terapia online se torna mais popular durante isolamento social. (Foto reprodução Internet)

 

Estamos no mês mundial de prevenção ao suicídio, campanha mais conhecida como “Setembro Amarelo”. A ideia é conscientizar as pessoas sobre o assunto. Mas o que leva uma pessoa ao suicídio? Para o espiritismo, o suicídio é uma triste ilusão porque somos seres imortais, e a vida continua, absolutamente, além da morte do corpo físico.

São várias as causas que conduzem o ser humano ao suicídio. A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as ideias materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao ato. Depressão, ansiedade, abuso de substâncias químicas e transtorno bipolar também estão entre os fatores que podem levar uma pessoa ao suicídio.

 

Procura por atendimento psicológico

Segundo diferentes levantamentos, o período da quarentena contribuiu para aumentar o número de ocorrências desses problemas. Durante o isolamento social, também surgiram ou foram ampliadas diversas iniciativas de atendimento psicológico gratuito. Neste mês de setembro, que abriga a campanha de prevenção ao suicídio promovida pela Associação Brasileira de Psiquiatria e pelo Conselho Federal de Medicina, a procura pelos serviços tem sido ainda maior.

De acordo com dados do Centro de Cuidado Humano (CCH), no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, desde a segunda semana de março, o espaço já realizou mais de 500 atendimentos gratuitos. Para quem tem interesse, as consultas acontecem das 8h às 19h. Antes de chegar ao atendimento com o profissional, há uma triagem, por telefone, com o objetivo de direcionar o paciente ao especialista certo para realizar a consulta, feita virtualmente.

 

Consulta virtual

Embora seja uma medida necessária e eficaz para reduzir os danos do avanço da pandemia do novo coronavírus, o isolamento social pode ter contribuído ao aumento de danos à saúde mental, especialmente quando associado ao medo e ansiedade sobre a nova doença.

Pensando nisso, alguns profissionais da psicologia passaram a oferecer o serviço gratuitamente para quem precisa. É o caso da Sueli Barbosa do Nascimento, especialista em Gestalt-terapia. Ela atende no bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio. Sueli é uma das profissionais que atende gratuitamente de forma remota.

“Tenho uma cliente gratuita há uns 2 anos. Com a pandemia nossos encontros tem sido por áudio e mais espaçados. Na primeira fase da quarentena coloquei meu nome em alguns atendimentos voluntários, mas recebi apenas uma cliente, que ficou só um mês mais ou menos”, afirma a psicóloga.

Em relação à pandemia, Sueli percebeu uma procura significativa durante este período, mas nenhum cliente apresentou problemas diretamente associados à questão da Covid-19, como depressão, ansiedade, luto, entre outros.

“Todos trouxeram dificuldades em lidar com situações recorrentes em suas vidas, mas que agora na quarentena parecem ter chegado a um ponto em que não aguentaram mais, a citar: alcoolismo, timidez, falta de iniciativa, distúrbios alimentares, relações familiares abusivas”, relata Sueli.

Por conta das restrições, as consultas podem ser realizadas online por vídeo chamada ou ligação em plataformas específicas. Sueli nunca tinha trabalhado com esse formato, mas garantiu que os clientes antigos e novos estão gostando.

“Para uma Gestalt-terapeuta faz diferença o contato presencial. Ele é mais rico porque utilizamos outros recursos além da fala em nossas sessões. Mas, temos realizado alguns experimentos mesmo à distância e, surpreendentemente, o resultado tem sido significativo e satisfatório para ambas as partes. Os clientes não tem manifestado desejo de voltar ao presencial. Por mim, continuo assim até que a vacina esteja disponível”, ressalta Sueli.

Em relação ao Setembro Amarelo, a especialista dá dicas de como lidar com o tema.

“Acho que fatores protetivos precisavam ser mais defendidos e exigidos pela sociedade como um todo, tais como: emprego, realização de pré-natal, suporte familiar, laços com amigos e familiares, relação terapêutica positiva, frequência a atividades religiosas, responsabilidade e pertencimento a uma família, ter um sentido existencial, etc”, conclui.

Veja também: Conscientização é importante para redução de casos de suicídio em tempos de isolamento social

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