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Professor utiliza bike para ajudar no ensino de alunos sem internet em Recife

Nordeste segue sendo a região do Brasil com mais lares sem conexão.

Por: Adriano Dias
30/07/2020 – 14h29
O professor percorre toda semana mais de 7 quilômetros para ajudar os alunos.
O professor percorre toda semana mais de 7 quilômetros para ajudar os alunos.

 

Estamos entrando quase na segunda década do Século XXI é possível enxergar dois Brasis quando se fala em conexão. Enquanto se observa as grandes metrópoles já avançando no debate sobre a tecnologia 5G, outra ponta do nosso país continental ainda apresenta inúmeras dificuldades para ter uma conexão digna para entrar neste processo de globalização que o mundo se apresenta.

E, como era de se imaginar, essa disparidade dificulta ainda mais o desenvolvimento educacional no nosso país – isso ficou mais evidente nesta pandemia pela qual atravessamos. Diante desta diferença, um professor pernambucano está tentando diminuir essa diferença quando se trata de educação e tecnologia. Arthur Cabral, de 29 anos, dedica todas as sextas-feiras para pedalar mais de sete quilômetros para levar  as atividades escolares a alunos que têm dificuldade de acesso à internet.

De acordo com o portal G1, a ideia surgiu após Arthur, que dar aula de ciências, perceber que um grupo de 20 alunos participava menos ou até mesmo não seguia as aulas pela internet. Com a ajuda da gestão da Escola Estadual Deputado Oscar Carneiro – localizada na cidade de Camaragibe, no Grande Recife – ele notou que o problema era estrutural e que os mesmos estudantes não tinham acesso a outras atividades promovidas pelos demais professores da escola.

Mesmo morando na Várzea, localizada na Zona Oeste da capital pernambucana, Arthur percorre ao menos sete quilômetros para chegar à escola, que fica no bairro da Vila da Fábrica.

“Quando comecei o trabalho, eles não esperavam por isso, tanto os estudantes quanto os parentes, ficaram quase sem acreditar: –  ‘caramba, o professor aqui’. Quando chego na casa deles, sempre dou uma conferida se eles fizeram as atividades anteriores e deixo novas. Vários pais disseram que os filhos se alegraram em poder voltar a estudar, porque muitos deles não têm acesso à internet, ou têm, mas não têm celular compatível ou precisam dividir o aparelho com mais cinco irmãos, por exemplo”, disse ao portal G1.

Para este projeto seguir, Arthur informou que gasta, em média, R$ 100 por semana para imprimir as atividades levadas aos estudantes. No começo, o valor era tirado inteiramente do próprio bolso, mas, com o tempo, uma rede de solidariedade se formou para garantir a educação de quem mais precisava.

Nesta instituição de ensino, Arthur é responsável por seis turmas do ensino fundamental, sendo três do sexto ano e outras três do sétimo. Os 20 estudantes que recebem a visita semanal do professor moram nos bairros de Vila da Fábrica, onde fica a instituição de ensino, Tabatinga e Aldeia de Baixo. As entregas de material didático são feitas sempre de bicicleta, pois alguns deles moram em locais de difícil acesso.

 

O acesso à internet no Brasil

O que acontece com os alunos auxiliados pelo professor André é apenas um dos exemplos de como muitos brasileiros ainda não ingressaram a internet. Um recente relatório elaborado pelo IBGE aponta que, em 2018,  o Brasil ainda possui quase 15 milhões de domicílios sem acesso à internet. Segundo o estudo, é como se um em cada cinco lares não tinha o serviço, considerando uso por computador, celular, tablet ou televisão.

A maior quantidade de famílias desconectadas foi estimada no Nordeste, onde não havia acesso à rede em 5,7 milhões de casas, o equivalente a 30,9% dos domicílios na região. É o dobro do número registrado no Sudeste, onde 15,2% dos lares não possuem acesso ao serviço.

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