Brasileira ganha prêmio por pesquisa sobre câncer nos Estados Unidos
O estudo desenvolve uma forma não invasiva de detectar efeitos colaterais no tratamento da doença.
Por: Lohrrany Alvim
28/07/2020 – 08h14
Mais uma brasileira inspirando outras mulheres a seguirem o mesmo caminho. A pandemia do novo coronavírus impactou a rotina de muitas pessoas, mas, em meio ao caos, uma notícia boa para o Brasil. Isso porque a pesquisadora mineira Carolina de Aguiar Ferreira, de 32 anos, conquistou o primeiro lugar no prêmio jovem pesquisador da Sociedade de Medicina Nuclear e Imagem Molecular (SNMMI), em Reston, nos Estados Unidos. A pesquisa desenvolve uma forma não invasiva de detectar efeitos colaterais no tratamento de câncer.
Mas essa não é a primeira vez que Carolina aparece no pódio da premiação. Natural de Belo Horizonte, ela ficou em terceiro lugar no ano de 2018 quando participou pela primeira vez. Na edição de 2019, assumiu a segunda posição. Em 2020, finalmente, recebeu o título de jovem pesquisadora na categoria inovação em imagem molecular.
O prêmio é quase simbólico, no valor de US$ 500. Entretanto, o reconhecimento a motiva a seguir em frente.
“O prêmio é uma validação de todos estes anos de esforço. E é esforço mesmo, muita dedicação e automotivação. Ninguém faz pesquisa pelos benefícios, que são poucos. Faz porque realmente tem paixão pela pesquisa e pelo que a pesquisa pode gerar para a população”, afirma Carolina de Aguiar Ferreira ao Estado de Minas.
O prêmio conquistado pela jovem veio do esforço diário. Segundo Carolina, durante o doutorado, passava cerca de 100 horas por semana no laboratório. A pesquisa da mineira veio para revolucionar. Com o estudo, a farmacêutica espera disponibilizar para o mercado um exame de imagem que possa detectar precocemente, e de forma não invasiva, efeitos colaterais do tratamento de imunoterapia para o câncer.
Carolina explica que a imunoterapia mudou o tratamento de câncer. Segundo ela, hoje em dia, 50% dos casos podem ser tratados dessa forma, só que isso gera muitos efeitos colaterais, desde a primeira dose até um ano depois de encerrado o tratamento. Assim, identificando rapidamente os sintomas indesejados, o médico pode conduzir o tratamento de forma menos prejudicial ao paciente. Atualmente, o único recurso é a biópsia.
Para quem não sabe, a Sociedade de Medicina Nuclear e Imagem Molecular é uma entidade internacional fundada em 1961 e tem mais de 20 mil membros de 65 países, entre médicos, farmacêuticos e técnicos.
Trajetória
Há 12 anos a brasileira realiza pesquisas na área de terapia e diagnóstico de câncer usando radiação. Ela descobriu sua paixão pela pesquisa no Laboratório de Radioisótopos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde fez iniciação científica durante a graduação.
“Eu me apaixonei pela área porque existe uma grande possibilidade de melhorar a saúde da população. Quero contribuir de alguma forma com a sociedade”, conta.
Apesar do otimismo, a pesquisadora sabe que, para que este exame inovador chegue aos pacientes com câncer, é necessário muito investimento. Por enquanto, o avanço do estudo se resume a uma patente, dada ao coordenador do laboratório onde ocorre a pesquisa, que abriu uma empresa privada para produzir o material. Já os estudos clínicos devem começar ainda neste ano, apesar da pandemia.
O próximo objetivo de Carolina é se tornar professora e comandar o próprio laboratório. A preferência da jovem é pelo Brasil.
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