Jardineiro consegue ingressar na faculdade aos 61 anos no Pará
Alcyr Carneiro cortava grama em quintais. Foto dele junto com a mãe viralizou nas redes sociais.
Se tem algo que enche o peito de alegria de uma família é saber que seus integrantes vão ter condições de ingressar no ensino superior. Seja na pública ou particular, um simples fato de entrar em uma universidade deve ser motivo de celebração.
Ainda mais quando se tem uma história de bravura e luta neste enredo. Nem é necessário ir muito longe para saber como é complicado chegar neste momento, diversas adversidades aparecem no meio do caminho até a confirmação. Aliás, este momento pode gerar um turbilhão de emoções, como aconteceu neste caso, no norte do país.
A história através de uma foto
Morador do bairro do Coqueiro, em Belém (PA), o jardineiro Alcyr Ataíde Carneiro, de 61 anos, não fez questão de esconder a alegria e a satisfação quando descobriu que tinha conseguido ingressar no Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA). Mas, antes de chegar ao ápice deste relato, é necessário sintetizar o começo de tudo.
Em entrevista ao Portal G1, o jardineiro relata que se matriculou em um cursinho pré-vestibular em março do ano passado e que sua rotina era dividida da seguinte maneira: cortar grama pela manhã, fazer aulas no período da tarde e revisar os conteúdos à noite e até mesmo durante a madrugada. Antes de trabalhar como jardineiro, ele já atuou como cobrador de ônibus, recenseador, além de realizar serviços gerais.
Ainda durante a entrevista, ele afirmou que o principal fator para dar esse upgrade na carreira foi a possibilidade de elevar a situação financeira da família, já que mora somente com a mãe. Ele afirmou que a sensação de ser aprovado na primeira tentativa é resultado de um ano de dedicação, perseverança e força de vontade.
“Cheguei ao ponto de pensar que havia duas saídas – ganhava na mega sena, o que é quase impossível, ou vencia através do estudo. Optei pela educação, porque além de obter sucesso, terei conhecimento, e isso não tem preço!”, revela Alcyr.
A ânsia de aprender fez com que o jardineiro transformasse o quarto em uma espécie de sala de estudos.
Momentos antes do resultado definitivo
Pois bem, como diz aquela canção do Renato Russo, quem acredita sempre alcança. No dia da divulgação dos resultados do Sisu, Alcyr detalhou os momentos que antecederam a vitória. Ele conta que saiu do trabalho o mais cedo que pôde. Apreensivo, ele diz que chegou em casa e ligou o aparelho de rádio já que, no Pará, o resultado do processo seletivo é tradicionalmente divulgado assim. Ele conta que o nome dele só veio sair na segunda turma.
“Estava eu e meu cachorro, começou o listão e nada de chegar Enfermagem. Na primeira turma, meu nome não saiu. Achei que não tinha passado. Aí chegou a segunda turma e meu nome estava lá. Até joguei o rádio na parede de tanta emoção, saí correndo de bermuda na rua, gritando, tanto que até hoje estou rouco, procurei minha mãe e só consegui abraçá-la, sem conseguir falar” detalhou Alcyr.
Voltando ao começo do relato, o ápice para essa historia viralizar foi uma foto publicada por ele nas redes sociais. Na publicação, Seu Alcyr aparece com sua mãe aparando o seu visual, com uma placa de papelão apontando que ele acabava de se tornar um calouro da principal Universidade do seu Estado. Claro que essa foto – junto com a história – se espalhou por todo Brasil, tornando Seu Alcyr um exemplo para aqueles que, por algum motivo, decidiu abandonar os estudos.
O caso envolvendo Seu Alcyr mostra que nunca é tarde para voltar a aprender e, mesmo com todas as pedras no caminho, um pouco de perseverança e de entusiasmo para adquirir conhecimento podem ser fundamentais e, como diz um samba, “A vitória demora, mas vem!”.
Redação por Adriano Dias
18/02/2020 – 09h12
> Voltar