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Hospital do Rio de Janeiro utiliza pele de tilápia no tratamento de queimaduras

A técnica é considerada simples, barata e menos dolorosa

O procedimento está em fase experimental e passa por estudos | Foto: Reprodução Internet

 

Você sabia que o Brasil já é o 4º maior produtor mundial de tilápia? Dados divulgados pelo anuário da Associação Brasileira da Piscicultura mostram que a tilápia encabeça a lista dos peixes de água doce mais produzidos no país.

Segundo a PeixeBR, os cinco estados líderes em produção desse pescado são Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e Bahia, que juntos produzem cerca de 70% de toda tilápia nacional.

No Brasil, a tilápia é o pescado mais vendido no varejo, sobretudo nos Estados do centro-sul. Mas, você sabia que esse peixe pode salvar vidas?

 

Tratamento de queimaduras

A pele da tilápia está sendo usada para tratar pacientes vítimas de queimaduras graves. Ainda em fase experimental, o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio de Janeiro, é o primeiro no estado a realizar o tratamento, que também é feito no Ceará.

A pele da tilápia passa por um processo de preparo e desinfecção que inclui exposição a raios gama (radiação). De acordo com o hospital, duas pacientes com queimaduras graves foram tratadas com a pele do peixe de água doce e apresentaram cicatrização mais rápida e com menos queixas de dor.

A pele da tilápia é rica em colágeno, resistente e elástica, o que contribui para a cicatrização em diferentes níveis. O material pode permanecer no local por até 10 dias, o que reduz os riscos de infecção e custo do tratamento pela metade.

O procedimento está em fase de avaliação e passa por estudos nessa fase experimental. Após esse processo, o material, caso seja aprovado, terá a licença definitiva da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e poderá ser utilizado para o tratamento de queimaduras em todo o Sistema Único de Saúde.

Leia mais: Curativo brasileiro com pele de tilápia será enviado ao espaço pela Nasa

 

Projeto pioneiro no Ceará

A técnica para a recuperação de pessoas nessas condições foi desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará e chegou a ser exportada e usada para curar queimaduras de ursos na Califórnia, nos Estados Unidos.

O resultado também foi positivo em cirurgias ginecológicas, técnica idealizada pelo médico Leonardo Bezerra, professor da UFC. No Ceará, cirurgias de reconstrução vaginal com a membrana do peixe já foram realizadas em mulheres com síndrome de Rokitansky, agenesia vaginal ou câncer pélvico.

Em 2017, pesquisadores do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), da Universidade Federal do Ceará, em parceria com o Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), inauguraram o primeiro banco de pele animal do Brasil. A criação do local é resultado da pesquisa sobre o uso da pele da tilápia como curativo natural de queimados.

No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro disse em seu perfil no Twitter que “mais de um milhão de pessoas sofrem queimaduras por ano no Brasil e somente andanças revelam conhecimento e possíveis ajudas no tratamento de lesões. A pele da tilápia tem se revelado excelente neste tratamento”.

Cerca de 97% dos queimados são tratados pelo SUS. Atualmente, os hospitais públicos do Brasil usam pele de cadáver para recuperação inicial desses pacientes. Com a aprovação da pele da tilápia como tratamento, isso pode mudar.

 

Redação por Lohrrany Alvim

16/01/2020 – 09h21

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