Cães ajudam no tratamento de crianças e adolescentes com deficiências
Os animais também alegram a vida dos pacientes com câncer
A Pet Terapia surgiu em 1792, na Inglaterra. | Foto meramente ilustrativa
Já está comprovado que a relação entre ser humano e animal desencadeia diversos sentimentos positivos, entre eles saúde emocional, física, social e cognitiva. Além de ótimos companheiros, os pets ainda podem ajudar pacientes com os mais diversos problemas de saúde, transtornos ou outras limitações. É a chamada Terapia Assistida com Animais (TAA) ou Pet Terapia, termo mais usado popularmente.
Em Poço de Caldas (MG), o projeto “Cãoterapia” atende pessoas com deficiências na APAE. As atividades acontecem mensalmente e com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, presente em todas as tarefas realizadas entre cães e alunos.
Com duração entre 30 a 50 minutos, a terapia é documentada para estudo e avaliação, como explica Rita Ferrari Paludo, gerente de gestão de pessoas na Nutrire – empresa idealizadora do projeto.
“Nossa missão é utilizar o amor dos cães para promover comunicação e convivência, além de integrar e motivar esses alunos. Com isso, garantimos a diminuição do isolamento e da dor a essas pessoas. Dessa forma, também conseguimos diminuir a ansiedade e provocar relaxamento e alegria antes, durante e depois das terapias”, revela Rita.
Além disso, os animais auxiliam no aumento da mobilidade, das amplitudes de movimento e da agilidade dos alunos em decorrência do dinamismo das atividades. Rita conta ainda que o projeto iniciou em 2016 e atua nos aspectos físico, cognitivo, emocional e social dos alunos da APAE.
A Pet Terapia surgiu em 1792, na Inglaterra, quando Willian Tuke indicou o uso de animais domésticos no tratamento de doentes de um asilo em Londres. Tuken ficou reconhecido mundialmente através da sua luta pelo tratamento humanizado, onde o projeto com animais se encaixa totalmente.
Rita explica que a iniciativa da Nutrire em Minas Gerais trabalha com os conceitos da Terapia Assistida usada por Tike e desenvolvida a partir de estudos que mostram que o simples contato com um animal já é suficiente para promover bem-estar.
“Os cães de terapia são aqueles treinados para visitar instituições com altas taxas de depressão e estresse como hospitais, asilos, orfanatos e presídios. Esses cães realizam um trabalho que consiste basicamente em dar carinho e atenção a pessoas que precisam, fazendo com que se sintam melhores”, acrescenta.
Benefícios
Alguns benefícios da atividade e TAA já foram comprovados, como a diminuição da pressão sanguínea e cardíaca, além da melhora do sistema imunológico, da capacidade motora e da autoestima.
Tecnicamente falando, conforme explica Rita, o processo também estimula a interação social e tem uma ação calmante e antidepressiva, o que resulta, em alguns casos, na redução da quantidade de medicamentos.
“O impacto da atuação dos cães é bastante profundo e têm demonstrado excelentes resultados com a prática que foi implantada. Os projetos de Terapia, estabelecidos em todo o mundo a partir da década de 80, tiveram como base as propriedades positivas do convívio com os cães que foram demonstrados pelos trabalhos de diversos pesquisadores”, revela.
Porém, Rita alerta para a necessidade de profissionalização desses projetos espalhados pelo mundo, especialmente no Brasil.
“O trabalho é sério e exige alguns cuidados, por isso, deve ser realizado apenas por quem entende do que está fazendo, pois não é qualquer cão que pode simplesmente sair visitando estas instituições de qualquer maneira. Os animais precisam estar aptos ao serviço de TAA. Um pet que estranha o paciente, por exemplo, pode causar o efeito contrário, trazendo um sentimento de rejeição extremamente prejudicial para esses alunos”, alerta.
Rozeli Custódio, psicóloga da APAE de Poços de Caldas e que atende cerca de 80 pessoas diariamente, conta que os resultados são surpreendentes.
“A melhora dos alunos é visível, especialmente quando observamos os cadeirantes acometidos de paralisia cerebral que são estimulados quanto a linguagem expressiva e a motricidade global. A TAA age como uma ponte de tratamento, sendo o cão um agente terapêutico”, diz.
Além disso, a especialista constatou melhora importante no comportamento de autistas, que passaram a expressar seus sentimentos, colocar regras, limites e linguagem expressiva no convívio com o animal.
A TAA também é utilizada para tratamento contra o câncer, doenças cardíacas, estresse, depressão e paralisias. Além de cães e gatos, podem ser utilizados outros animais como cavalos, peixes, pássaros, coelhos, aranhas, cobras e até botos. O projeto, chamado de bototerapia, é utilizado no Brasil para auxiliar crianças que lutam contra a leucemia no Amazonas, onde pacientes interagem com esses grandes mamíferos no Rio Negro.
Redação por Fernando Ferreira
27/06/2019 – 13h55
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