Empresa holandesa cria sistema que tinge roupas com CO2 sem gastar água
Projeto pode reduzir o consumo do produto na indústria têxtil
Nos últimos anos temos observado uma preocupação ambiental especificamente com o reuso, ou a recuperação da água nas indústrias. Porém, um novo projeto para tingir roupas pode permitir que a indústria da moda pare de desperdiçar trilhões de galões de água por ano. Original da Holanda, a empresa DyeCoo vai ser a pioneira na utilização de CO2 para tingir tecidos. A empresa holandesa usa uma máquina que tinge tecidos com gás carbono pressurizado, o que permite que os corantes se dissolvam rapidamente e penetrem no tecido. Tudo isso sem a utilização de água ou produtos químicos.
Estima-se que cada máquina criada economize até 8,4 milhões de galões (ou 32 milhões de litros) de água, aproximadamente 176 toneladas de produtos químicos de processamento e quantias incalculáveis de energia a cada ano. Além disso, como a máquina utiliza um sistema de circuito fechado, 95% de seu CO2 podem ser limpos e reciclados após cada ciclo de corante.
A tecnologia já está sendo usada por empresas como IKEA, Nike, Adidas e Peak Performance. Agora, mais corporações estão sendo pressionadas para se tornarem verdes e isso pode fazer com que o sistema de coloração sem água cresça mais rapidamente. Coletivamente, a indústria têxtil usa quase 25 trilhões de litros de água por ano.
O consumo de água atualmente
A escassez de água afeta mais de 40% da população global, um número que tende a aumentar. Enquanto cerca de 2,5% da água do mundo é de água doce, apenas 0,5% deste montante está disponível para satisfazer as necessidades da população. A água é também um importante fator durante os processos de fabricação, inclusive para o setor têxtil.
O consumo de água segue sendo um dos temas mais comentados na atualidade em todo o mundo. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas, em uma média total, a maior parte da utilização da água é realizada pela agricultura, que detém 70% do consumo; seguida pela indústria, que detém 22%; e pelo uso doméstico e comercial com 8%. Por razões econômicas, estruturais e sociais, os países desenvolvidos consomem muito mais água do que os subdesenvolvidos e emergentes, tanto nas práticas econômicas quanto no uso direto individual.
Aqui no Brasil, os números da Associação da Indústria Têxtil e de Confecção mostram que, dos 100 litros que eram usados para produzir 1 kg de tecido beneficiado, agora são necessários apenas 10 litros de água.
Ainda segundo a Abit, desde os anos 2000 o setor reduziu em 90% o uso da água na produção. Além dessa redução, a água é reutilizada pela fábrica em outras áreas e, após modernos tratamentos de efluentes, devolvida ao meio ambiente até mais limpa.
Para fazer com que a sustentabilidade seja uma estratégia de negócio para as empresas desta indústria, a associação elaborou a certificação o Selo Qual, que comprova a conformidade do produto e a forma ética, social e ambientalmente sustentável da produção.
Redação por Adriano Dias
07/03/2019 – 14h25
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