Pessoas recuperam a visão com córneas feitas por tecido de porco
Por: Isabela Lauriano
16/08/2022 – 10h25
Ter hábitos saudáveis, como uma alimentação saudável, não fumar e visitar o oftalmologista regularmente é essencial para manter a saúde dos olhos e evitar possíveis doenças. Mas e quem perde a visão depois de um tempo? O que fazer? Como voltar a enxergar? Existem alguns tratamentos para isso, como a técnica chamada “restauração optogenética”, que usa uma combinação de terapia gênica e pulsos de luz estimulando o olho. Porém, recentemente, um tratamento novo surgiu.
Um grupo de pesquisadores suecos desenvolveu córneas feitas com colágeno de tecido de porco e os resultados dos testes. Em dois anos, o experimento, conduzido pela Universidade de Linköping, foi feito em 20 pessoas com problemas no tecido (14 delas cegas). Do grupo, todos apresentaram melhora, inclusive à recuperação da visão.
O primeiro teste com a córnea feita de pele de porco mostrou que o tratamento é seguro e eficaz. Para que a córnea ficasse o mais natural e tivesse uma resposta positiva do corpo, os pesquisadores sintetizaram colágeno, a principal proteína da córnea humana, como matéria-prima.
Eles usaram colágeno de grau médico da pele suína, um subproduto purificado da indústria de alimentos que já é usado em dispositivos médicos aprovados pela FDA (Agência Reguladora dos Estados Unidos) para cirurgia, como curativo para feridas.
Outra vantagem é que, as membranas obtidas por esse sistema podem ser armazenadas por dois anos, o que também facilita a operação de armazenamento e implantação.
Os pesquisadores ainda usaram uma técnica de implante muito menos invasiva e que pode ser usada em mais hospitais, ajudando assim mais pessoas.
O estudo também conseguiu observar uma melhora na acuidade visual: o tecido cicatrizou rapidamente e, segundo os autores, foram necessárias apenas oito semanas de colírios imunossupressores para evitar a rejeição do implante. Dos 14 participantes que estavam totalmente cegos antes do experimento, todos recuperaram parcial ou totalmente a visão após o transplante.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 2,2 bilhões de pessoas vivem com deficiência visual ou falta de visão. Especialistas estimam que há 12,7 milhões de pessoas no mundo esperando por uma córnea, e essas membranas são escassas: há uma disponível para cada 70 necessárias.
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