Empresa auxilia candidatos bancando o dinheiro da passagem em São Paulo
Casal de empresários concluiu que o motivo de ausência dos entrevistados podia ser o custo do transporte.
Um dos problemas que aflige a população brasileira é o desemprego. Um recente relatório divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que a taxa de desocupação por aqui ficou em 11,2% no trimestre encerrado em janeiro, atingindo quase 12 milhões de pessoas. A situação ainda requer cuidado, mas os números atuais chegam a assustar pelo volume.
Para completar, a distância de casa para o trabalho pode ser um fator que influencia na escolha do emprego, tanto para o funcionário como para a empresa que está contratando. Até o ano de 2018, o IBGE apontava que quase 5 milhões de pessoas se encontram na casa dos desalentados. Isso significa que muitos desistiam de buscar emprego e optaram pela informalidade. Muitos alegam que a falta de dinheiro para bancar a passagem de ônibus dificulta ainda mais a busca nesse competitivo mercado de trabalho.
Diante dessa situação, uma empresa paulistana tenta amenizar essa dificuldade encarada pelos brasileiros que estão buscando entrar – ou voltar – ao mercado de trabalho.
Uma pequena ajuda que faz uma enorme diferença
Em um determinado momento, os empresários Diogo Petri e Agnes Cristina começaram a desconfiar que a falta de dinheiro para custear a passagem era a razão para que muitos candidatos faltassem ao encontro, mesmo tendo confirmado presença. Diante deste caso, eles decidiram oferecer uma ajuda de custo de R$ 20 a todos que são chamados para o processo.
No final do ano passado, a CatMyPet, um e-commerce e atacado de produtos para gatos, abriu seis vagas nas áreas de atendimento, vendas e expedição da sua empresa. Após uma pré-seleção, os candidatos foram chamados para uma entrevista presencial. Mesmo com a confirmação, metade deles não chegou a comparecer.
Diante deste fato intrigante, eles atribuíram estas ausências ao custo do transporte e, com isso, resolveram fazer um teste. Em entrevista para o portal UOL, Agnes detalha que, após realizar uma entrevista com uma candidata, ela a ofereceu R$ 10. A empresária diz ter ficado comovida com a reação de gratidão da mulher.
A partir daí, todos aqueles que foram chamados para o processo são informados, por telefone, de que vão receber ajuda de custo de R$ 20 ao final do encontro.
Depois dessa medida, o casal pôde notar que o número de presentes nas entrevistas finais foi elevado em 70%. Desde outubro, 50 pessoas receberam um total de R$ 1.000.
Ainda para o UOL, Agnes afirmou que, apesar de, na época anterior à ajuda, nenhum candidato ter dito claramente o motivo da ausência na entrevista, o aumento na presença reforça a tese de que o principal problema era a falta de dinheiro para o transporte.
Ainda segundo os empresários, os candidatos a cargos mais altos optaram por rejeitar a ajuda de custo e este valor foi revertido para ONGs. Mas alguns desses candidatos relataram também precisar da ajuda.
Resultados Positivos
Para Agnes, a política de ajuda de custo é vantajosa para a empresa, não só para os candidatos. Segundo ela, foram feitos os levantamentos, identificando que valeria muito a pena continuar com este incentivo.
“Com 50% de faltas, os gestores ficavam parados esperando a pessoa, sem poder fazer nada. Depois, eles tinham que ligar para outro candidato, o que também gerava muito custo”, afirmou Agnes.
Diante desta história, só nos resta torcer, primeiramente, que esse índice de desemprego possa ser erradicado ainda mais nos próximos anos e, claro, que o dinheiro – ou a falta dele – não seja um empecilho para aqueles que seguem na busca pela empregabilidade.
Redação por Adriano Dias
03/03/2020 – 09h03
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