Novo estudo revela que dormir limpa o cérebro e reduz o risco de Alzheimer
Por: Álefe Panaro
17/07/2024 – 10h55
Os cientistas já suspeitavam que o cérebro realiza uma limpeza enquanto dormimos, o que pode explicar a ocorrência de sonhos e pesadelos. No entanto, os neurologistas ainda não compreendiam completamente como essa intensa atividade de limpeza acontece durante o sono.
Em fevereiro, a revista Nature publicou dois estudos sobre o tema. No primeiro, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, revelaram que ondas cerebrais lentas, geradas por impulsos neuronais, ajudam a remover resíduos do cérebro durante o sono — funcionando como uma “onda” em um estádio que leva as toxinas embora.
A pesquisa revelou que, durante o sono, as células nervosas individuais se coordenam para gerar ondas rítmicas que movem fluidos cerebrospinais através do tecido cerebral, limpando-o nesse processo. Esse movimento é comparável a uma versão muito lenta do funcionamento de uma máquina de lavar.
Uma veia que atravessa o cérebro funciona como uma calha, coletando os resíduos e transportando-os através da barreira que separa o cérebro do resto do corpo (a meninge). Esse processo encaminha o “lixo” cerebral para a corrente sanguínea, onde é filtrado pelos rins.
Por que o cérebro com Alzheimer não consegue se higienizar?
Uma das hipóteses propostas pelos cientistas é que, à medida que envelhecemos, os neurônios perdem o ritmo necessário para a limpeza cerebral, facilitando o acúmulo de toxinas nos tecidos. Além disso, mudanças nos padrões de sono e na qualidade do descanso noturno também podem impactar esse sistema.
Os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) publicaram outro estudo na mesma revista em fevereiro. Com base nas descobertas, eles testaram em animais doentes ondas sonoras que simulavam o ritmo dos impulsos neuronais, conseguindo reativar os mecanismos de limpeza que removeram as proteínas amilóides do cérebro.
Prevenir Alzheimer
Os pesquisadores destacaram a descoberta da frequência correta para a limpeza cerebral como um avanço significativo, abrindo novas possibilidades para o desenvolvimento de tratamentos para doenças neurodegenerativas.
“Se conseguirmos aproveitar este processo, existe a possibilidade de retardar ou mesmo prevenir doenças neurológicas, como Alzheimer e Parkinson, nas quais o excesso de resíduos se acumulam”, comemora o pesquisador Li-Feng Jiang-Xie, líder do estudo da Universidade de Washington em comunicado oficial.
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