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Fazer o bem sem olhar a quem: Católicos, evangélicos e espíritas se unem em terreiro para ajudar famílias necessitadas

O grupo se encontra a cada 15 dias na Zona Oeste do Rio e o objetivo do projeto é a ajuda ao próximo.

 

Se você for buscar o significado do termo intolerância religiosa, vai encontrar como resposta, o ato de discriminar, ofender e rechaçar religiões, liturgias e cultos. Ela também é definida como ofensa e até agressão física por conta de suas práticas religiosas e crenças. Infelizmente, a intolerância religiosa está marcada na história da humanidade, principalmente porque, no passado, era comum o estabelecimento de pactos entre as religiões e os governos.

Essa ainda é uma realidade que assola comunidades em todo o mundo. No Brasil, esse problema está relacionado majoritariamente ao racismo, pois a intolerância religiosa é praticada, em maior escala, contra os adeptos das religiões de matriz africana. Mas, na contramão desses fatos lamentáveis, uma iniciativa no Rio pode ser considerada um grande passo para estreitar a diferença entre as crenças.

Mutirão do bem

“Fazer o bem, sem olhar a quem.” Seguindo esta linha, um grupo de evangélicos, católicos, umbandistas e espíritas se juntaram em uma ação social em Santíssimo, zona oeste do Rio. Eles esqueceram suas diferenças para auxiliar cerca de 130 famílias carentes da comunidade.

A iniciativa partiu dos evangélicos que começaram a fazer um estágio na Tenda Espírita Caboclo Flecheiro como uma maneira de aprender mais e ajudar as famílias.

A ação realizada pelos fiéis não tem finalidade litúrgica. A principal missão é colocar em prática o que aprenderam no curso de Assistência Social, e aprender um pouco mais sobre diferentes crenças.

Frequentadora da igreja Assembleia de Deus Nova Filadélfia, Rosemere Mathias, de 48 anos, afirma que enxerga a presença de Deus e de Jesus dentro do terreiro.

“Eu precisava de um estágio e, quando fui convidada a participar, corri no banheiro da faculdade e orei: Senhor, entrego em tuas mãos. Vim confiante. O objetivo aqui é só a ajuda ao próximo”, contou ela.

As pessoas envolvidas no projeto se reúnem no terreiro a cada 15 dias. Lá, os integrantes organizam os alimentos e depois entregam para as famílias carentes. As famílias que são ajudadas pelo projeto passam por uma triagem para explicar suas necessidades. Elas também são apoiadas com orientações sobre saúde, justiça e burocracia.

Os fiéis ainda promovem palestras educativas sobre temas como verminoses, o uso de preservativos e câncer de mama. Todos estes encontros são gratuitos. A ação traz alegria para todos os fiéis que se uniram para colaborar com o próximo e também lhes permite conhecer verdadeiramente o espaço alheio, sem o estereótipo da religião, o que faz muito bem a todos.

O projeto é tratado com satisfação para a umbandista Meri Silva, de 45 anos. Ela convidou os colegas de turma para o estágio quando foi informada da necessidade de mão de obra social no terreiro.

Intolerância Religiosa é crime

Como foi dito no início da matéria, casos como esse em Santíssimo pode ser considerado um oásis em relação ao que acontece no Brasil. O número de denúncias de discriminação religiosa – principalmente contra terreiros e adeptos de religiões de matriz africana – aumentou 5,5% em 2018 em relação a 2017 no Brasil. Foram 152 casos no ano passado, contra 144 em 2017. Os dados são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.   

É importante destacar que existem mecanismos para receber denúncias de intolerância religiosa. Através do Disque 100, você pode relatar algum caso desse tipo. No entanto, a gente espera que iniciativas semelhantes com o que aconteceu no Rio de Janeiro possam se espalhar por todo o Brasil.

Redação por Adriano Dias

22/11/2019 – 10h13

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