Representatividade: Universidade Estadual vai ter sua primeira reitora negra
Por: Adriano Dias
22/11/2020 – 13h35
Em um país como nosso, onde a população afro é a maioria – segundo o último censo do IBGE – é possível perceber uma disparidade quando se trata de ocupação dos negros em cargos importantes. No entanto, apesar da lentidão, a maré está parecendo virar. Isso porque vai ser possível observar uma instituição universitária estadual ser comandada por uma negra pela primeira vez.
A engenheira química Luanda Moraes, de 43 anos, vai ocupar o cargo de reitora do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste do Rio a partir do mês janeiro. Com essa conquista, na visão dela, vem uma vasta carga de importância.
“Tenho plena consciência do que isso significa como um todo. Quando os alunos negros vêm me agradecer pela representatividade, isso reforça a minha missão de seguir em frente. Tenho orgulho em dizer que a UEZO tem mais da metade do seu quadro de alunos composto por estudantes que ingressaram pela política de cotas, baseada no programa da ação afirmativa”, destaca a mais nova reitora da Universidade.
Sua trajetória
Criada no subúrbio carioca – mais precisamente em Rocha Miranda – Luanda sempre estudou em colégios públicos. Inspirada no pai, primeira pessoa da família a cursar uma faculdade, Luanda decidiu seguir a mesma carreira e, em 2002, também concluiu a graduação pela UFRJ.
Passada a graduação, Luanda de Moraes resolveu fazer mestrado e doutorado em Ciências e Tecnologia de Polímeros, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na ocasião, por falta de especialistas por aqui para colaborar com a interpretação do resultado de seu estudo, ela foi para o Istituto per lo Studio delle Macromolecole de Milão, na Itália, como pesquisadora visitante. Em seguida, concluiu seu pós-doutorado pela UERJ na mesma área.
Sua trajetória no Centro Universitário Estadual da Zona Oeste começou há 11 anos, ao ingressar na instituição como professora contratada. Já em 2012, prestou concurso para a UEZO e se tornou professora adjunta. Desde 2017, é vice-reitora do centro universitário e atua orientando alunos de graduação e pós-graduação em pesquisas sobre energia renovável em parceria com Inmetro.
Para Luanda Moraes, a questão da representatividade é uma luta de muito tempo, pois a sua família já abordava o tema dentro de casa e discutia a importância do empoderamento da população preta.
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